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deixando espaços vazios nos interstícios (SANTOS, 1990, p. 31), (se observarmos a figura 02,

podemos perceber o vazio entre o conjunto e a malha urbana), esse modelo implantou processos

de exclusão das populações destas novas ocupações, e aciona processos de especulação

imobiliária nos vazios entre o conjunto e a malha urbana (SANTOS, 1990). pois como mostra a

pesquisa documental do acervo do “Jornal O Dia”, as ausências enfrentadas pela população dos

referidos conjuntos eram latentes, e noticiadas com frequência pelo jornal, como a falta d’água,

calçamentos (como visto na figura 01), saneamento e transporte público.

A pesquisa documental cobre inicialmente o ano de 1977, trazendo o mês de janeiro com a primeira

etapa do bairro Dirceu I já iniciada, com 940 unidades em uma área de 41 hectares e um capital

aplicado de Cr$18.200,00 (moeda da época). Em abril, o governo anunciou licitação para

construção da segunda etapa, prevendo mais 2.100 unidades habitacionais, 3 unidades escolares

(com 15 salas de aula cada uma), 1 delegacia distrital e 1 centro comercial, com previsão para

entrega em setembro do corrente ano (JORNAL O DIA, 1977b).

Esta etapa iniciou-se em agosto de 1977, com o anúncio da distribuição de materiais, pelo governo,

para o projeto de melhoria das casas do conjunto através do sistema de mutirão entre os próprios

moradores (JORNAL O DIA, 1977c). As casas foram construídas de acordo com o modelo embrião,

com paredes de alvenaria e cobertura de telhas com caibros de madeira redonda (JORNAL O DIA,

1977d).

Em 1977, o bairro Itararé, recém-inaugurado (figura 01), era distante de tudo e, segundo o Jornal O

DIA, de 02 de Agosto de 1977, não era inserido nos limites urbanos da cidade, o que prejudicava a

dinâmica econômica da região. Em virtude de inchaço na cidade devido à procura de centros

urbanos para busca de emprego ou desenvolvimento educacional, bem como de um processo de

desfavelamento da cidade, foram criados os conjuntos habitacionais, voltados para pessoas com

baixa renda. Em decorrência desta política, a região do Dirceu cresceu rapidamente, ficando

conhecida como “favela de concreto” (JORNAL O DIA, 1977c). Uma questão pontual era o problema

da falta de água, chegava-se a percorrer uma distância de 3 km até o rio Poti a fim de abastecimento

próprio (“Jornal O DIA”, maio de 1980), mas apesar disso, a distância da “cidade grande” e tantos

outros problemas, a região já era considerada um aglomerado urbano, graças à popularidade que

o conjunto adquiriu, em virtude do preço acessível das casas e um padrão satisfatório em relação

a outras unidades habitacionais (JORNAL O DIA, 1977e), o que convém lembrar, “que as casas

construídas pelo BNH constituíam unidades edificadas de modo uniforme [...], despersonalizada e

desarticuladas com a cidade”. (MAIA, 2014, p.93).

Figura 01.

Imagens da rua sem calçamentos e das casas recém entregues

Fonte: Jornal O DIA, 1977c.