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ao longo do tempo, teve como consequência, uma organização do espaço urbano, transformando-

o de forma diferenciada, e este “[...] processo de formação das cidades está na base das redes

urbanas” (CASTELLS, 2006, p. 35).

Neste sentido, Corrêa (2006, p. 11) conceitua espaço urbano, como “fragmentado, articulado,

reflexo, condicionante social, cheio de símbolos e campos de lutas, é um produto social, resultado

de ações [...] por agentes que produzem e consomem o espaço”. O autor diz ainda que, dentre os

agentes sociais que produzem e reproduzem a cidade, estão o Estado, os promotores imobiliários

e os grupos sociais; e as ações destes agentes são feitas dentro de um marco jurídico que as regula

(CORRÊA, 2006). Com isso, ao tomar a dinâmica da expansão urbana da cidade de Teresina para

zona sudeste, e a dinâmica da evolução urbana do bairro Dirceu Arcoverde como objetos de estudo,

pode-se ancorá-lo com base no conceito teórico acima, pois o referido bairro foi fruto das ações do

Estado, grupos sociais e agentes imobiliários; o que torna interessante o processo da análise

histórica, pois percebe-se claramente as ações destes, nesse processo de expansão urbana que

ora é legitimada por interesses do capital (SPOSITO, 2000; MARICATO, 2001).

A propósito, Sposito (2000) afirma que a produção espacial é uma forma de manifestação clara do

capitalismo avançado e se traduz de duas formas diferentes: a primeira é a existência de grandes

unidades de produção e consumo, tendo como resultado a descentralização espacial. A segunda é

a ampliação da massa de assalariados acompanhada de uma diversificação de níveis de

hierarquização no próprio interior da categoria social concretizada no urbano a diferenciação dos

padrões de habitação.

Na direção do pensamento de Sposito (2000), os bairros Dirceu I e II podem ser tratados como uma

produção espacial do capitalismo, pois, se tratando da segunda manifestação do capital avançado,

referido pela autora, a hierarquia no interior das categorias sociais gera, no urbano, diferenças nos

padrões de habitação. Toda essa orquestração dos agentes do Estado e do capital privado

delinearam uma produção do espaço agregadas com uma ampla oferta de serviço e infraestrutura

em diversos segmentos, apesar do processo de periferização produzidas pelas politicas de

habitação, os conjuntos Dirceu I e II ao longo de três décadas formou o que podemos chamar de

“novas centralidades”. Segundo Lima (2011) a maneira como as cidades crescem, de forma

desordenada, promove a configuração do espaço urbano, dando a elas uma caracterização de

tamanho: pequena, média ou grande (metrópole). Em virtude deste crescimento e de sua

organização, algumas áreas ganham destaque por suas funções, como por exemplo, o centro, “por

significar o ponto de onde essas se expandem e por ser a maior referência, em termos históricos,

simbólicos e funcionais no conjunto dos elementos espaciais” (LIMA, 2011, p. 34). À medida que

vão alcançando uma dimensão maior, seja através da expansão de seu espaço urbano, seja pelo

aumento da população, as cidades vão se reconfigurando e acabam por perder a característica de

monocêntricas, ou seja, novas centralidades ou subcentros vão surgindo, ocorrendo, assim, um

processo denominado descentralização ou centralização territorial. Para um bairro ser definido

como um subcentro é necessário, além do grande contingente populacional, possuir uma

infraestrutura com independência funcional em relação aos demais elementos espaciais (LIMA,

2011). Neste sentido, temos o Grande Dirceu como um claro exemplo de centralização territorial ou

subcentro, com características de um território compacto. Inserido em uma cidade de dimensão

socioespacial que, de acordo com definição do IBGE (2000), citado por Lima (2011), se enquadra

na categoria de Capital Regional, é considerado precursor da formação da região Sudeste, quando

foi fundado com os nomes de Itararé I e II, com o intuito de abrigar pessoas de baixa renda, num

processo de desfavelização. O autor chama a atenção para esse conjunto de características que

faz do bairro, uma região semelhante a um centro funcional compacto. Para evidenciar esse