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1.2 Reciclagem em materiais cerâmicos
O alto consumo de recursos não renováveis pela indústria cerâmica, a possibilidade de alterações
na composição das massas formuladas sem impactos ao processo, além da imobilização dos
elementos tóxicos do resíduo na matriz do produto sinterizado sugerem um alto potencial de
utilização de cerâmicos na inertização do PAE. (Morete, Paranhos e Holanda, 2006). De fato, a
partir de estudos de caracterização química, física e morfológica, apontados na literatura científica,
a compatibilidade entre ambos pôde ser constatada. Silva (2006) foi um dos autores que observou
um aumento na densidade do novo material produzido, levando a uma redução da absorção de
água e da porosidade, e a um aumento da retração linear e da resistência mecânica dos corpos
cerâmicos. Notou-se também que a cerâmica produzida é adequada na produção de tijolos maciços
e telhas para a construção civil. Pureza (2004), que também avaliou o efeito da adição, encontrou
maiores valores de retração linear e menores de absorção de água. Da mesma forma, Stathopulos
et al (2013) investigaram o potencial de utilização do PAE em blocos estruturais de cerâmica, nos
percentuais de 2,5 e 5,0% de resíduo, e sinterizando as amostras entre 850 e 950°C, estas se
apresentaram mais resistentes a partir da adição do pó.
1.3 Viabilidade ambiental
Quando a prática de reciclagem visa a incorporação de um resíduo perigoso em um produto, a
expectativa é de que o primeiro seja imobilizado na estrutura do segundo a partir de mecanismos
de solidificação/estabilização que ocorrerão durante o processamento do material. (Pureza, 2004).
Paralelo a isso, está a necessidade de avaliações ambientais mais detalhadas, que investiguem
além dos parâmetros adotados como padrão, a exemplo da lixiviação e solubilização de elementos
no produto final. Isso porque, no caso da indústria cerâmica, durante o ciclo de queima a
temperatura dos fornos pode variar entre 800 e 1000°C, com faixas ainda mais amplas dependendo
das condições de processo. Logo, a volatilização de elementos perigosos, como metais pesados,
torna-se também uma possibilidade. Neste contexto, evidencia-se a carência de estudos que
contemplem a análise de emissões atmosféricas de processo além dos indicadores
tradicionalmente usados para qualidade do ar (NO
X
, CO e SO
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), o que pode comprometer e
inviabilizar a fabricação em escala industrial de materiais que tenham incorporado na sua
composição resíduos perigosos.
2. OBJETIVO
Propor uma metodologia para coleta e análise das emissões oriundas do processo de reciclagem
do pó de aciaria elétrica em blocos cerâmicos de argila vermelha, especificamente da etapa de
sinterização do material.
3. MÉTODO DE PESQUISA
Baseado na revisão bibliográfica de estudos anteriores e normas vigentes, o artigo apresenta a
construção de um aparato experimental a ser adaptado ao forno elétrico utilizado, com um sistema
de borbulhadores conectados que realizam a coleta dos gases de saída do forno.
Dentre os autores que se propuseram a avaliar as emissões atmosféricas de PAE em cerâmicos
como parte de seu projeto experimental cita-se Pureza (2004). O autor trabalhou com a sinterização
de corpos de prova cerâmicos com o pó a 950 e 1100°C e coletou as emissões por meio de um
sistema composto por forno do tipo mufla, tubulações de vidro para a entrada e saída de ar, kitasato,
água deionizada e bomba de vácuo. A coleta foi realizada em água deionizada, encaminhada
posteriormente para análise química, verificando-se que a adição de PAE provocou um acréscimo
da concentração de zinco, sulfato, flúor, chumbo, cádmio, cromo IV, cloro, ácido nítrico e arsênio