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ainda aliados à destinação dos resíduos a aterros controlados e lixões, contribuindo para um
potencial problema ambiental e de saúde pública.
Proporcional ao grande consumo de produtos e embalagens que os RSU geram, a demanda por
energia aumenta. Além disso, estes aumentos se dão em função da aglomeração populacional nos
grandes centros, do crescimento do potencial aquisitivo da população e do estímulo ao consumo.
Em face das circunstâncias e da realidade de Porto Alegre, que investe em coleta regular, seletiva
e aterro sanitário, surge a ideia do aproveitamento energético dos resíduos sólidos urbanos com
ênfase na incineração waste-to-energy
(
WTE).
Segundo Oliveira (2004) na usina de incineração do
tipo
WTE
o rejeito é introduzido em uma câmara de combustão primária a uma temperatura entre
500ºC e 900ºC, onde há pouca injeção de ar, a fim de evitar picos elevados de temperatura, como
forma de minimizar a poluição.
Já se pode encontrar empresas, no Rio Grande do Sul, que realizam incinerações, tanto para
destinação final de resíduos próprios, quanto para queima de resíduos de serviços de saúde a
terceiros. Contudo, tal incineração se dá sem aproveitamento energético (WENZEL, 2008;
LUFTECH, 2012a; 2012b; SERESA, 2002; 2013; AMBIENTUUS 2002a; 2002b; URI 2003a; 2003b).
2. OBJETIVO
O presente trabalho teve como objetivo analisar a viabilidade do aproveitamento energético dos
RSU no município de Porto Alegre, por meio da incineração. O estudo avaliou dois cenários, o
primeiro sem a triagem dos resíduos e o segundo contemplando a reciclagem de materiais como
plástico, metais e vidro.
3. MÉTODO DE PESQUISA
A metodologia foi baseada na obtenção de valores e parâmetros encontrados nas bibliografias,
adaptados à realidade de Porto Alegre. A fim de caracterizar os dados referentes à coleta e geração
de resíduos, buscou-se conhecer como é a coleta de Porto Alegre, bem como determinar quanto
de RSU é gerado diariamente. Com base na população do município, foi possível estimar um valor
médio diário de geração de RSU por habitante. Esses resultados estão expressos na Tabela 3.
Através da quantidade de RSU coletado, e com base no estudo da composição gravimétrica dos
resíduos, foi possível definir a quantidade de resíduos separados por tipologia, que atualmente são
enviados para aterro (Tabela 4).
A fim de definir sobre a viabilidade da implantação de usinas
WTE
com RSU como combustível,
seguiu-se o que foi proposto pelo Ministério de Minas e Energia (MME, 2008), que considera a
viabilidade da incineração de resíduos para geração de energia quando o poder calorífico inferior
(PCI) dos resíduos for superior a 2000 kcal/kg. O poder calorífico inferior constitui o potencial de
geração de energia, mediante a incineração.
Sendo assim, foi estimado o poder calorífico médio ponderado dos RSU do Município de Porto
Alegre, com base nos valores médios de poder calorífico inferior dos componentes e tipologias
identificados na caracterização gravimétrica dos resíduos do município. A Tabela 1 demonstra os
devidos valores de PCI que foram encontrados nas bibliografias, e o respectivo valor médio adotado.
Neste cálculo, desconsiderou-se os valores nulos indicados por alguns autores.