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Outra diretriz do trabalho é propor um sistema de wetland integrado com fossa séptica e filtro como
uma alternativa mais sustentável para o tratamento do esgoto na região, que não possui rede de
coleta e tratamento. Como uma estratégia complementar, o resíduo da poda das espécies vegetais
da wetland também poderá ser reaproveitado para gerar adubo para a horta comunitária
demandada pelos futuros moradores do terreno, através da prática da compostagem e para
atividades artesanais.
Considera-se a viabilidade de execução das estratégias citadas acima, tendo em vista as condições
de gestão local e os aspectos sócio econômicos envolvidos (população de baixa renda, forte
mobilização social apoiada pelo MNLM e por equipes da UFRJ).
Assim, pretende-se identificar soluções que sejam claramente desejáveis para a população local
(através de sua participação ao longo do processo, em debates e nas tomadas de decisões), e que
ao mesmo tempo estejam integradas com o meio ambiente e sejam economicamente viáveis,
considerando esse caminho como uma alternativa para áreas de habitação social, que normalmente
adotam sistemas de saneamento tradicionais.
3. MÉTODO DE PESQUISA
A primeira etapa para desenvolver esse estudo se deu por meio de pesquisa bibliográfica para
embasamento teórico nos seguintes temas: Desenho Urbano Sensível à Água (WSUD - Water
Sensitive Urban Design), Cidades Sensíveis à Água, Cidades Resilientes, Requalificação Fluvial,
Desenvolvimento de Baixo Impacto, Drenagem Urbana Sustentável.
A etapa seguinte de nossa metodologia de pesquisa foi reunir as referências e sistematizar as
soluções referentes ao uso de água de chuvas, alternativas para sistemas de esgotamento sanitário,
considerando que o bairro não possui rede de coleta e tratamento de esgotos e sofre com
intermitência no abastecimento. Foram realizadas visitas ao local para reconhecimento e estudo do
terreno. Foi elaborado um levantamento e mapeadas as condições da área: edificações existentes,
canal, áreas vegetadas, e traçada uma planta de situação do local. A partir daí foram identificadas
algumas propostas de intervenção na área livre do terreno para promover soluções que minimizem
os problemas de enchentes e falta d’água na região, trazendo o conceito de sensibilidade à água,
propondo estratégias de baixo custo acessíveis à população de baixa renda. O objetivo de
complementar o projeto de habitações de interesse social, já em fase de estudo e desenvolvimento
pelo laboratório CiHabE – Cidade, Habitação, Educação (PROURB-UFRJ), parceiro do LEAU neste
projeto, com estratégias de urbanização sustentável para a área livre do terreno. Considerando que
o projeto do CiHabe e as discussões com os moradores indicaram a construção de unidades de
habitação unifamiliares foram levantadas soluções de baixo custo para aproveitamento de água de
chuva nesse tipo de edificação.
Posteriormente, foram apresentadas as propostas para a população local, visando a apreciação e
um melhor entendimento das mesmas por parte da comunidade, como explicita uma das premissas
do Design Urbano Sensível à Água. Dessa forma, buscou-se ao máximo entender as necessidades
e desejos dos moradores atuais e futuros do local, para aproximar as propostas das reais vontades
e carências de quem irá usufruir do projeto, e construir um sentimento coletivo de pertencimento e
responsabilidade, fundamental para o êxito do projeto, visto que, sua execução e manutenção
dependerá em parte do trabalho voluntário dos moradores.
Nesse momento, houve a participação dos autores em debates, atividades, oficinas e palestras nas
assembleias locais, e algumas caminhadas pelo terreno para inspeção do local, verificação da
situação dos canais que margeiam o terreno, visto que estão intimamente ligados às estratégias
que serão propostas, e mapeamento das construções existentes no terreno (Ver Figuras 2, 3 e 4).