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Os RCD representam, em média, 50% da massa dos resíduos sólidos urbanos (JOHN, 2000), tanto

no Brasil como em outros países. Em 2002, com a aprovação da resolução 307 do CONAMA,

ficaram estabelecidos critérios e procedimentos para a gestão de RCD no Brasil (CONAMA, 2002)

já que se observava a frequência cada vez maior das disposições irregulares e os aterros

clandestinos, ocasionados pela falta de gerenciamento.

As empresas privadas de construção devem desenvolver projetos de gerenciamento específicos e

o poder público deve oferecer uma rede de coleta e destinação ambientalmente correta para os

pequenos geradores (ÂNGULO, TEIXEIRA, CASTRO, NOGUEIRA, 2011).

4.3 A reciclagem de resíduos e desenvolvimento sustentável

Desenvolvimento sustentável é um processo participativo que integra aspectos econômicos,

ambientais, culturais, políticos, legais, sociais, técnicos do ponto de vista coletivo ou individual. O

problema ambiental gerado pelos resíduos depositados de forma desregrada em aterros

clandestinos, acostamentos e rodovias deve ser resolvido visando preservar o meio ambiente. A

resolução do CONAMA nº 307/02 estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a Gestão

dos Resíduos da Construção Civil e cria a cadeia de responsabilidades.

A reciclagem de resíduos oriundos da construção civil no Brasil ainda é tímida, com exceção da

intensa reciclagem praticada pelas indústrias de cimento e aço (ÂNGULO; ZORDAN e JOHN, 2001).

O reuso de componentes construtivos e a reciclagem de matérias não são conceitos novos. Até o

século XIX esta era uma prática comum em todo o mundo e, nos dias de hoje, continua sendo em

países subdesenvolvidos (ADDIS, 2010). Em muitos países, os governos nacionais, estaduais e

municipais já dispõem de políticas de construção sustentável, o que inclui o comprometimento em

minimizar resíduos gerados e maximizar a quantidade de materiais e produtos reutilizados e

reciclados (ADDIS, 2010).

Os principais obstáculos para o reaproveitamento e a reciclagem de materiais, segundo Addis

(2010), são a falta de familiaridade com o assunto e a falta de noção do que se pode fazer e como

se pode fazer. Para que a construção civil tenha um desenvolvimento sustentável, é necessário que

haja um processo que leve a mudanças na exploração de recursos, na direção de investimentos,

orientação do desenvolvimento tecnológico e mudanças institucionais visando harmonia das

aspirações e necessidades humanas presentes e futuras (ÂNGULO; ZORDAN e JOHN, 2001), um

conceito multidisciplinar envolvendo mudanças culturais, educação ambiental e engajamento das

pessoas (BRANDON, 1998).

4.4 Projeto para desconstrução

O aproveitamento de resíduos para desenvolvimento de materiais e processos construtivos vem do

conhecimento de aplicações adequadas. Atualmente existe a consciência das empresas da

necessidade de encontrar alternativas para tratar os insumos produzidos, buscando reduzir o

impacto ambiental causado por eles (SARAIVA, 2013).

A reutilização e reciclagem já são usadas no setor industrial como ferramenta para amenizar o

impacto ambiental e é na construção civil que surge o conceito de Concepção para a Desconstrução

(MATTARAIA e FABRICIO, 2011).

No final do século passado iniciou-se uma maior preocupação para a elaboração de manuais de

desmontagens. O projeto para desconstrução faz com que os arquitetos pensem em como o edifício

deve ser desmontado desde a etapa da concepção do projeto. Segundo Kibert (2003), algumas

atitudes podem acelerar a implantação desse processo, como projetar a edificação e seus

componentes já pensando no reuso, na reciclagem ou remodelagem e promover incentivos para o

reuso de antigas construções.