O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 75 objetivo da quebra de silêncio e do medo cientificamente internalizado entre os cientistas e profissionais acadêmicos. Diante do objetivo geral de nossa pesquisa, relacionado a inclusão dos afrodescendentes em todos os níveis, pode-se certamente ter um avanço através do demonstrativo desta pesquisa. Entende-se, sobretudo, na abertura de espaços de mudanças nas relações entre os sujeitos de ambas as etnias ou raças (brancos e negros) e na maneira de produzir os novos conhecimentos sobre as teorias raciais brasileiras. No Brasil, registram-se muitas violências de jovens pertencentes à “elite branca”. Esta elite muitas vezes não percebe, não enxerga ou acha normal tais atitudes de violência simbólica e física, desconhecendo, sobretudo, a sua natureza original e todo tipo de orientações técnicas diante disso. São atitudes cristalizadas no contexto da “branquidade”, que historicamente demonstra ter sido pouco pesquisada e reconhecida enquanto ciência. Na década de 50 foi apresentado por Ramos que buscou de alguma forma trazer os brancos para discussão. Para Ramos: As dificuldades que envolvem a tema da patologia social parecem superáveis quando se procede em termos casuísticos e concretos. Quero dizer, quando se renuncia a uma definição genérica da patologia social e se passa a mostrar a patologia das situações singularmente consideradas. (RAMOS 1957, p. 177) A nosso ver, não se fixa apenas na estética; mais do que isto, apresenta-se hoje num novo modelo de “pena” ou “remorso”. Esse processo gera inúmeras confusões acelerando, sobretudo, a ampliação de problemas relacionais e interpessoais dos sujeitos envolvidos, criando espaço de surgimento de supostas patologias. Seguindo esse ritmo de pensamento, Melucci (MELUCCI, 2004, p. 108) afirma que “patologia é hoje redefinida em termos sociais e interpessoais. Uma patologia que certamente já preconizava Guerreiro Ramos, nos anos 50. Não se

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