68 O espelho quebrado da branquidade gros que supervalorizou e valoriza a cultura do dominante como algo normal na sociedade. Na maioria das vezes, assumindo e arcando com essa culpabilidade. Florestan Fernandes é a referência fundamental no combate à ideologia da “democracia racial” ou, como às vezes é dito “mito da democracia racial”. Buscamos centrar nossa perspectiva, baseado em alguns destes apontamentos que também nos causaram e continuam nos causando questionamentos intrigantes dentro e fora do contexto sociológico e antropológico da ciência social e racial atual. Segundo Freitag (2005, p. 234), “a ideologia da democracia racial brasileira, cultivada por Freyre (Gilberto Freyre) e seus sucessores, encobria um conflito de raças e de classes que Florestan Fernandes denunciou em sua ampla pesquisa sobre A integração do negro na sociedade de classes”.20 Esses apontamentos são encontrados nas suas obras e trabalhos que abrangem uma ampla variedade de temáticas relacionadas às culturas excluídas e mais diretamente à cultura afrodescendente. Por falar em “democracia racial”, lembramos aqui o famoso dito popular, “toma que o filho é teu”, ou seja, “carregue, a cruz é tua”. Embora seja apenas um dito popular, este dizer continua impregnado no cotidiano de uma forma perversa pelos brancos. Estes também sem uma visão ou conhecimento maior sobre esta perversidade social e racial parecem alimentar, ainda hoje, certo “medo”, um conceito que também se amplia e se fortalece com a fuga sutil dos problemas ou conflitos causados, ou sob a manipulação do efeito da força desestabilizadora do próprio “silêncio”, outro conceito muito imbricado nas universidades de modo geral no Brasil. Estes são pontos que Florestan Fernandes eleva suas críticas sociológicas em termo de uma ciência que possa ser encarada com ética e quebra de silêncio sociológico, filosófico, antropológico e principalmente no âmbito educacional didático- -pedagógico. Conforme afirma Freitag: 20 FREITAG, Bárbara. Florestan Fernandes - Revisitado. Revista Estudos Avançados 19 (55), 2005, pp. 233-235.
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