Adevanir Aparecida Pinheiro 63 e heróis, algumas densamente políticas, que reuniu e prefaciou, alguns dias antes da morte, coleção que tinha tudo para ser política e até partidária, é essencialmente um trabalho acadêmico. Nela estão postas claramente as preocupações teóricas com a história de vida, enquanto instrumento de produção de conhecimento sociológico, a que se dedicara em alguns trabalhos do tempo de professor universitário17. (MARTINS, 1994, p.45) Nos estudos sociológicos, vamos descobrir que essa dialética faz parte de uma construção de trajetória em que a visão de militante pode ser transformada acrescida de novos conhecimentos e descobertas sendo reelaborada de forma científica no espaço deste mundo acadêmico. Entendemos que é neste espaço que se tem a oportunidade de aprofundar e sistematizar os conhecimentos empíricos coletados ou acumulados ao longo de uma trajetória seja ela, histórica, acadêmica, ou social/militante. Se a dialética se conceitua por uma tese, antítese e novamente tese (ou síntese), ela não terá exatamente um fim, mas sempre há um movimento que amplia e modifica o ponto de partida de conhecimento, sem com isso deixar sua identidade ou característica inicial, considerando, sobretudo, o método de sistematização. Para Camacho (2002), essa ideia relacionada ao método, em Fernandes se baseia em três modelos clássicos de pensamento sociológico. Este autor argumenta que, de uma perspectiva crítica, inspira-se basicamente nas três matrizes clássicas do pensamento sociológico: o método funcionalista ou objetivo, idealizado por Émile Durkheim, 17 Disponível em:<www.anpocs.org.br>. Artigo publicado de José de Souza Martins. Florestan Fernandes: Ciência e política, uma só vocação. MARTINS, J. S. O poder do atraso: ensaios e sociologia da história lenta. São Paulo: Hucitec, 1994.
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