60 O espelho quebrado da branquidade Diversos conceitos perpassam cada um dos focos, destacados em cada uma das perspectivas. Partimos da percepção de que os mecanismos e os fatores mais fortes de exclusão, assim agrupados, neste espelho tríplice, estão dinamicamente centrados nas realidades complexas em que as culturas excluídas vivem e sobrevivem num campo minado de sutilezas, sobrevivendo nos assombros das atitudes e posturas veladas, discriminadoras e supervalorizadas por si mesmas, sem perceber os profundos conflitos e problemas que têm causado para as etnias, desmerecidas em seus reconhecimentos étnicos identitários, ainda sem nenhuma força para fazer frente à hegemonia. Mais do que detalhar o argumento lógico das teorias destes três autores, o que queremos colocar em relevância é a percepção que colhemos de suas perspectivas como intelectuais comprometidos e a importância que isto tem para o avanço nos estudos e reflexões dentro da temática. 2.1 O espelho de Florestan Fernandes Retomar de forma mais elaborada e atentar para o aprofundamento sobre a teoria de Florestan Fernandes foi um desafio altamente compensador no processo de pesquisa desenvolvido. Para quem veio de uma trajetória complexa de exclusão e compromisso identitário, pode significar um possível presente de um “espelho de cientista”, se assim podemos defini-lo, comprometido cientificamente com o combate ao racismo a partir de uma militância acadêmica e política que acelerou um processo crítico dentro da sociologia brasileira. Trata-se de uma sociologia que reserva grande parte de seus estudos à questão central das relações entre negros e brancos. A dinamicidade fernandesiana nos impeliu e nos instigou a retomar estes apontamentos muito imbricados na complexidade da “real realidade” brasileira em que se busca criar novas leis sociais e raciais para que os historicamente oprimidos, excluídos, explorados e não reconhecidos, ou seja, os índios e os negros,
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