O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

52 O espelho quebrado da branquidade Nos estudos realizados há uma demonstração de que a ética na realidade, ou seja, dentro da ciência, também foi alvo de “torção” e engodo sociológico e antropológico. Talvez esteja aqui o que impulsionou o aprofundamento sobre o conceito de “ética enganosa”, desenvolvida por Rossato (2003). No espelho elaborado para nos atermos às reações silenciosas e à onipotência da branquidade, é um componente importante para nós conhecer e reconhecer no branco suas posturas, atitudes e o que podemos ainda chamar aqui de “lavar as mãos ou sair fora deste assunto”. 1.6 Buscando novos horizontes As limitações da discussão nos apareceram como extremamente inquietantes e levaram à busca de novos horizontes científicos. As leituras de contribuições de três autores foram muito iluminadoras: trata-se de Kwame Appiah, Edgar Morin e Ivan Domingues, que se constituíram nos autores de cabeceira iniciais para abrir os horizontes. Pelas suas teorias e concepções científicas eles parecem contrapor as ideologias dos autores das teorias raciais, através de uma nova abordagem científica por meio da “transdisciplinaridade”, considerando as diferentes formas de saberes das ciências. Conforme Appiah: O que há de peculiarmente aterrador no racismo nazista não é que ele tenha pressuposto, como faz qualquer forma de racismo, crenças (racialismo) falsas, nem tampouco que trouxesse dentro de si uma falha moral - a incapacidade de estender a igualdade de consideração a nossos semelhantes -, mas sim o fato de ele ter levado, primeiro, à opressão, e depois, ao assassinato em massa. (APPIAH, 1997, p. 37)

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