O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

44 O espelho quebrado da branquidade Embora tenha havido profundo e amplo preconceito em torno do rebaixamento da negritude e as formas simbólicas de discriminação sobre este mesmo conceito, alguns intelectuais negros tiveram suas manifestações mesmo que de forma isolada. Por isso, a importância de trazermos aqui um release sobre esse conceito pensado por Aimé Cesarié e por autores que fazem parte desta pesquisa como Kabengele Munanga. Parece-nos que é através deste poder simbólico que este branco busca fortalecer e ampliar a sua força de dominação, principalmente quando isso se estabelece no campo social das lutas por igualdades de direitos. Para Bourdieu (2004, p. 166), “[o] poder de impor às outras mentes uma visão, antiga ou nova, das divisões sociais depende da autoridade social adquirida nas lutas anteriores”. Além da violência racial de forma muito visível em relação aos afrodescendentes, o “poder social” e simbólico dos brancos também sempre atuou de forma muito violenta em todos os campos de lutas da população negra espalhada por todo o Brasil. O que parece se reproduzir veladamente neste contexto atual diante das discussões é o debate sobre a lei 10639/2003. Diante disso, pode-se dizer que a força hegemônica dos afrodescendentes se torna prejudicada, até mesmo pelas contradições que vão atingindo e maculando as mentes de sujeitos negros que são manipulados pelos discursos e estratégias muito bem traçadas pelo poder hegemônico da branquitude. Podem-se, assim, examinar as dificuldades de organizações da população negra e, sobretudo, as condições de ampliar ou levar adiante um processo de reconstrução de cidadania ou inclusão do mesmo junto às condições de igualdades da branquitude ainda centradas apenas em um grupo sistematicamente o clamor do dia / Minha negritude não é uma poça de água morta/ Sobre o olho morto da terra / Minha negritude não é uma torre nem uma catedral / Ela mergulha na carne / Vermelha do solo.” PESSANHA, Márcia Maria de Jesus. O negro na confluência da educação e da literatura. Artigo publicado na obra (org.) por OLIVEIRA. Iolanda de Oliveira. Relações raciais e educação: novos desafios. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz