O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 43 Em suas reportagens como enviado do Estado de São Paulo para a cobertura da Campanha de Canudos, Euclides da Cunha “silenciou sobre as atrocidades da guerra”. “Foi uma guerra de extermínio, que Euclides denunciou emOs Sertões, publicado cinco anos após a destruição da comunidade”. (FERRARO, 2008, p. 178-180) A nossa proposta de estudo contemplou vários aspectos socioculturais. O que nos chama a atenção, porém, são situações psíquicas que envolvem os sujeitos sociais e raciais, os quais, a nosso ver, merecem ser levantados, pesquisados e analisados nestes contextos atuais. Comenta Munanga que: Para Viana, surgem gravíssimos problemas do ponto de vista antropológico e psicológico, devidos às diferenças inconfundíveis entre as três raças. Reconhece, portanto, a existência dos problemas sociais oriundos dessa diversidade de tipos étnicos e psicológicos. (MUNANGA, 1999, p. 71) Não vamos nos deter aqui no conceito de negritude, mas faz-se necessário lembrar do famoso autor Aimé Césarie, que foi a voz da consciência negra de seus sofrimentos, de suas exigências e oCahier d’ um retouraupays natal, na revista Volontés, em 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Explicita o autor o que significa o conceito de negritude: Ma negritude n’est pas une pierre assurdité Ruée contre la clameur du jour Ma negritude n’est pas une taie d’eau morte Sur l’oeilmort de la terre Ma negritude n’est ni une tour ni une cathédrale. Elle plonge dans la chair rouge du sol14 (OLIVEIRA e PESSANHA, 2003, p. 156). 14 Tradução: “Minha negritude não é uma pedra sua surdez/ Lançada contra

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