40 O espelho quebrado da branquidade com as contribuições negras e índias, sendo as duas últimas consideradas por ele “espécies” incapazes. (MUNANGA, 1999, p. 54) Do ponto de vista da ciência, podem-se verificar as diversas formas conflituosas entre os cientistas, as quais marcaram negativamente os debates equivocados sobre a temática negra. Um desses agravamentos em termos de ciência está prescrito no “racismo científico” de Gobineau (1816-1882), que provocou inúmeras situações equivocadas para toda humanidade. Para Munanga (1999. p. 94), “a política e a ideologia do branqueamento exerceram uma pressão psicológica muito forte sobre os africanos e seus descendentes”. Os equívocos centrados nos discursos racialistas se espalharam por toda sociedade brasileira se instalando no interno da “real realidade”, da qual discutimos nesta pesquisa de doutoramento. Munanga (1999, p. 93) afirma ainda que “[para] Abdias, o branqueamento da raça é uma estratégia de genocídio”. Nesta discussão ideológica entre os autores, fica uma longínqua interrogação da forma como estes cientistas projetaram suas ideias tão perpétuas no modo de pensar e avaliar a sociologia, sobremaneira, a sociologia brasileira. Pode-se provocar aqui de diversas formas um debate sobre este processo. Ao estudar conteúdos sobre as desigualdades sociais e a pobreza no Brasil, parece que são poucos os intelectuais que assumem a postura ética de esclarecer que maior parte dessa pobreza e desigualdades sociais contempla diretamente a situação dos afrodescendentes. Diante disso, é que às vezes essa contradição adquire uma nuança de medo ou de resistência em relação à cidadania e fortalecimento étnico. Para Bourdieu (2004, p. 175), “Essa posição contraditória de dominantes-dominados, de dominados entre os dominantes ou, para explorar a homologia com campo político, de esquerda entre direita, explica a ambiguidade de suas tomadas de posição, que está ligada a essa posição de apoio em falso”.
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