O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 39 tras. Neste sentido, podemos perguntar: será que o “problema” das cotas raciais no Brasil é de fato um “problema dos negros brasileiros”? Ou está se repetindo o contexto das teorias raciais e os mesmos conflitos entre os próprios brancos intelectuais? Os conflitos em torno das cotas vão ser indicadores de inclusão ou de exclusão dos afrodescendentes? No início deste trabalho de pesquisa, pensamos ser uma problemática menos enraizada nos campos científicos e ideológicos, tanto dos sociólogos, antropólogos quanto dos filósofos. Segundo Silvério11: several authors have reported that the 1960 can be considered to have originated in which social movements that spurred profound social change in the dynamics of Western societies. These changes were reflected greatly in interpretive schemes of social sciences. (SILVÉRIO, 2002, p 19) Contudo, os enraizamentos científicos sobre a complexidade racial e as implicações assimétricas nas relações entre os sujeitos brancos, negros e demais raças estudadas, mostram que os agravamentos científicos foram muito mais profundos do que têm se registrados nos parâmetros acadêmicos. Conforme apresenta Munanga: Raimundo Nina Rodrigues, em desavença com Sílvio Romero, desacreditava na tese desenvolvida por este último, segundo a qual era possível desenvolver no Brasil uma civilização a partir da fusão da cultura “branca” 11 Tradução: “Vários autores registram que a década de 1960 pode ser considerada aquela na qual se originaram movimentos sociais que estimularam mudanças sociais profundas na dinâmica das sociedades ocidentais. Tais mudanças repercutiram sobremaneira nos esquemas interpretativos das ciências sociais”.

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