O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 37 ros erros morais”. Os próprios cientistas da época não compreenderam a lógica da justiça científica, encarregando-se de aprofundar os conceitos estereótipos, ocultando o verdadeiro sentido e uma cientificidade melhor avaliada. São contextos, de temáticas históricas e, sobretudo, cientistas que ficaram soterrados nos escombros escolares e nos meios acadêmicos, mas que pontuam diversos aspectos relevantes em relação às complexidades raciais existentes nos campos científicos e levantamentos empíricos coletados de forma equivocada em relação às teorias sociais e raciais. Diante disto, hoje, preocupa a forma perversa de como supostos discípulos de cientistas como Gobineau, entre outros, tem atuado no retalhamento do conceito de “raça”, objetivando apresentar o poder da raça branca e superior. A ideia científica parece ser retomada da mesma forma metodológica por intelectuais que são contra o conceito de “cotas”. Para os cientistas conservadores, há que se retalhar o conceito de “cotas raciais” no meio das academias brasileiras, no sentido de não haver a inclusão dos negros através de cotas nas universidades. Este conflito parece se centrar muito mais entre os cientistas mais conservadores, ou entre outros teóricos modernos que passam a dominar o campo científico atual nas academias e que ainda não se dispuseram a rever as mudanças da transdisciplinaridade em vigência. Os afrodescendentes não demonstram preocupações significativas em relação à situação de cotas. Assevera Silva (2003, p. 31) que “não queremos criar uma ‘elite negra’ para nos ‘igualarmos’ à elite branca. As elites, ao longo da história, têm cumprido o papel conservador de garantir para si e para seus descendentes, privilégios das mais distintas naturezas”. Diante da afirmação da autora, podemos citar como exemplo a Lei do Boi que se estabeleceu no RS desde o ano de 1968 até 19859. Uma lei que representou a cota para filhos de 9 A LEI N.º 5.465, DE 3 DE JULHO DE 1968. “Lei do Boi”, exemplo de cotas para não-negros. Esta vigorou até 1985 ou seja por 3 década até ser caçada. É importante saber que essa lei só existiu no RS. Costa e Silva e Tarso Dutra.

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