Adevanir Aparecida Pinheiro 119 mesmo sem que este sujeito possa compreender esse processo agravante na história brasileira. Nesta mesma linha de pensamento, analisa Maio (1997, p. 52) que: “Portanto, os estudos sociológicos e antropológicos sobre o negro elaborados até então não passariam de documentos ilustrados da ideologia da brancura ou da claridade”. O enfoque de Melucci nos despertou, como já sinalizamos, para a importância da dimensão psicoafetiva, especificamente referindo certas patologias no comportamento psicossocial, focando em conceitos que ao longo dos anos ficaram sem algum tipo de estudo pesquisado e muito menos analisado. Nossa reflexão está amparada em uma dimensão empírica do cotidiano, onde se percebe a presença das violências simbólicas e físicas, despendidas por parte de jovens de classe média alta. Violências que são imediatamente silenciadas. A branquidade, entendida como um objeto pouco estudado e visto como construção ideológica bem situada no bojo central do projeto da ordem social brasileira está marcada por uma dinâmica de poder absoluta. Pesquisar e estudar alguns conceitos ligados a essa temática, ou seja, buscar um aprofundamento, talvez possa auxiliar os sujeitos desta temática para pensar a que ponto se encontram sua fortaleza e magnitude diante das demais etnias. Para a população branca, as normas e os padrões correm perigos simbólicos que ainda não são visibilizados, mas as inúmeras reações ainda enrijecidas com a obrigatoriedade da lei 10639/2003 são fortes indicadores desses sintomas que podem ser mudados. A partir da implementação da lei 10639/2003 e com as discussões e debates em torno da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, certamente os brancos devem perceber que os privilégios já passam a sofrer significativas alterações. Esta implementação coloca e aponta para uma questão que se queria adormecida ou esquecida. O espelho da branquidade é definitivamente quebrado. O silêncio é oficialmente rompido. No meio branco são despertados, talvez, sentimentos de perda ou de re-
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