Adevanir Aparecida Pinheiro 113 uma grande dívida histórica surgida a partir do longo período de escravidão imposta a africanos pelos brancos e sofrida por africanos. Aliás, quando se fala raça, parece que se visualiza exclusivamente a raça negra. Talvez se tenha que voltar à pergunta sobre a “raça branca”... O passado de escravidão é sempre uma questão embaraçosa e que normalmente gera perplexidades, além do profundo silêncio que provoca nos sujeitos de raça branca. Geneticamente, não existe raça branca, assim como não existe raça negra! Contudo, não devemos esquecer que a raça branca se impôs como hegemônica no mundo ocidental afirmando (politicamente) a inferioridade das outras raças. É necessário que a questão do embotamento da consciência branca eurodescendente (e eurocêntrica) seja trazida ao centro do debate. Tratase de uma consciência que permanece, muitas vezes, algemada no seu senso de superioridade, lhe impedindo um livre voo de reconhecimento verdadeiro dos sujeitos das outras raças. Quando este reconhecimento se dá, podemos falar em branquitude. Quando este reconhecimento não se dá, falamos em branquidade. São inúmeros os aspectos históricos relacionados a isso, que, no entanto, mereceram pouca atenção no contexto social e acadêmico brasileiro. Esses aspectos são muitas vezes camuflados para não mostrar ou evidenciar as fragilidades e as vergonhas da parte da população sempre (auto) considerada superior. O conceito político de raça é um conceito gerador de conhecimento. Assim também entendemos que o esforço de distinguir entre branquidade e branquitude pode ser gerador de conhecimento. Nós distinguimos branquidade de branquitude, associando a ideia da branquidade com a negação da importância do conceito político de raça e a ideia da branquitude com a aceitação da importância do conceito político de raça. Conforme Cardoso: O argumento de “raça superior” e “raça inferior” vigorou como tese científica in-
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