112 O espelho quebrado da branquidade de Javé, a Ásia aos de Sem e a África aos de Cam. Conforme Gen., IX 27. (POLIAKOV, 1974, p. 22) 3.4 Branquidade: por quê? Uma abordagem reflexiva que nos surgiu na discussão, envolvendo a ideia de distinguir branquitude e branquidade, está centrada numa percepção que nos inquieta e nos questiona. Todos os estudos relacionados às temáticas étnicas sempre aprofundaram a questão da raça negra ou da negritude e consciência negra e das questões indígenas, e nossa interrogação é: por que nunca se discute as razões do silêncio em relação à “temática dos brancos”? Quais os motivos que levaram os cientistas a estudarem as diversas etnias sociais e quase nunca apresentarem o olhar científico com relação às internalizações da “branquidade”? Este nosso questionamento está em grande parte inspirado em Maria Aparecida Bento, Guerreiro Ramos, Vron Ware e outros, mesmo que não evidenciem sempre esta terminologia, que parece mais focada na branquitude normativa. A ideia de branquidade como distinta de branquitude, está associada ao modo como se dá a reação à importância do conceito de raça como um conceito político. Falar em raça negra frente à raça branca tem um poder mobilizador muito grande, inclusive para a geração de um conhecimento efetivo que consiga fazer justiça frente aos desmandos históricos que são conhecidos. Já é página virada na história a polêmica em torno das diferentes raças humanas em termos genéticos. Existe só uma raça humana e é muito provável que a humanidade tenha as suas raízes históricas mais antigas nas áreas que hoje são conhecidas como continente africano. Quando se fala raça, hoje, no contexto da “educação das relações étnico-raciais” fala-se na importância de um ajustamento civilizacional de prestação de contas, de ajustes com relação a
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