O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

108 O espelho quebrado da branquidade cotistas da UFRGS no Rio Grande do Sul, entre outros atos de violências. Outro fato que parece ser indício de violência patológica do branco foi a violência física vivida pela doméstica negra que foi espancada por jovens também de classe média branca no Rio de Janeiro. Estas e muitas outras situações de violências físicas e verbais que não vamos citar aqui, mas que são conhecidas e refletidas pela população negra e indígena, deixam marcas simbólicas e psíquicas. Além desses, podemos dizer que tudo isso gera uma problemática de danos morais e éticos num país que vive em luta pela democracia, ou, ainda, sobrevive da falsa cordialidade em suas relações pessoais e interpessoais. A nosso ver, nos exemplos citados e outros, aparecem sintomas ligados ao problema da cor em todos os meios sociais e raciais, e mais duramente no Brasil, que se enquadra no que Vilhena38 chama de “violência da cor: sobre racismo, alteridade e intolerância”. Esta “violência da cor” ostenta uma patologia branca. 3.3 Violência simbólica no campo religioso Muito se escreveu sobre o papel do religioso no processo de escravidão. Talvez uma das maiores violências sofridas fosse a de os africanos terem sido forçados a adotar uma nova religião, a religião oficial do mundo branco dominante. Nos séculos passados, foi dentro destas regras que os negros escravos eram introduzidos para dentro do Brasil ao serem desembarcados dos navios negreiros. Considerados como peças “pagãs”, deveriam ser batizados pelos sacerdotes católicos da época e marcados a ferro quente com as iniciais de seu proprietário. A população afrodescendente brasileira não teve outra saída; foi sutilmente introjetando e internalizando o ideal do 38 Artigo a partir de sua tese, publicado pela PUC-RJ. Revista Psicologia Política. Publicado em 17/02/2007.

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