106 O espelho quebrado da branquidade exclusão do sujeito negro, que nem mesmo este sujeito branco pode perceber. Outro aspecto que contribui ainda nessa discussão é quando os brancos se afirmam em produções veladas através da escrita e introjetadas no discurso fortemente armado pelo autoritarismo. Talvez hoje se contempla as políticas públicas universalistas, sucumbidas às mesmas lógicas do capitalismo globalizado e envelhecidamente “branco”. Esses parecem ser sinais de complexidades dos quadros de desigualdades e exclusão social e racial duramente controlado por esse sistema que, mesmo já caducado e em “crise”, tenta de todas as maneiras endurecer-se nas suas garras dominadoras. Esse processo de poder de dominação demonstra essa força ideológica centrada nas condições de brancura transcendente deste homem “branco”. Nada pode macular esta brancura que, a ferro e fogo, cravou-se na consciência negra como sinônimo de pureza artística, nobreza estética, majestade moral, sabedoria científica. O belo, o bom, o justo e o verdadeiro são qualidades destinadas ao sujeito tido como “brancos”; e o sujeito “negro”, não podendo ser incluído no mundo educacional. Como muito bem questionam Paulo Freire e Florestan Fernandes, os negros não tiveram chance de participação e valorização enquanto sujeitos de sua própria identidade cultural. Deste modo, todo saber e conhecimento sempre foram postos ao acesso deste sujeito visto como o superior e o dominante, o “branco”. Pejorativos sutis existentes ainda hoje são fraseados por intelectuais brancos como: ‘este é um negro da alma branca”; “este é um negro muito inteligente”; “este é um negro bom, puro”; “vê se faz serviço de branco”. São pejorativos que marcaram o poder da violência simbólica por toda parte na sociedade brasileira. Desde as ideias precursoras do branqueamento, - lembrando Gobineau -, as políticas ideológicas e a força econômica de quem podia estudar e pensar centrava-se no conceito e no sujeito branco como sendo a manifestação do Espírito, da Ideia
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