Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Análise geracional e mudança social midiatizada 69 A foto em si é bastante típica em relação ao que se pode encontrar em álbuns de família. Claramente não se trata de uma fotografia feita por um fotógrafo profissional, já que a composição é desequilibrada – a mulher à direita foi cortada pela metade, para o benefício de uma grande porção de mata à esquerda, o fotógrafo evitou a incidência solar diretamente nas lentes, com o resultado de que todas as pessoas que aparecem na foto quase têm que fechar os olhos quando olham em dire- ção à câmera. Fotografias de álbuns de família nos levam a pensar sobre o tempo e, especialmente, sobre o passado. No momento em que esta fotografia foi tirada, ainda faltavam alguns meses para que a Alemanha invadisse a Polônia, a União Soviética ain- da era uma superpotência, a televisão ainda não havia chegado à Suécia e o principal meio de comunicação de massa ainda eram os livros, os jornais, o rádio, o cinema e os discos de música (de goma-laca). As pessoas tinham telefones, mas se alguém lhes dissesse que, no futuro, as pessoas andariam por lugares públi- cos conversando com outras que também estariam em lugares públicos, ou ainda que poderiam tirar suas fotos de família de três gerações, espontaneamente organizadas, em seus dispositi- vos móveis, isso teria parecido ficção científica. Muita coisa realmente mudou desde que esta foi foto foi tirada. Não apenas a maioria das pessoas nela está morta, e minha mãe não é mais uma garota, mas uma mulher de 85 anos que tem seus próprios filhos, netos e até bisnetos. Estas mudan - ças, embora sejam muito óbvias para nós, não revelam toda a história da mudança social. Para estabelecer tal mudança, preci- samos desenvolver uma perspectiva analítica de pesquisa. Neste capítulo, eu gostaria de sugerir uma abordagem epistemológica, centrada na análise geracional, para a mudança social ou, mais precisamente, para o processo de midiatização. Farei isto em três etapas. Primeiro, exporei o marco teórico da midiatização e sugerirei que há, pelo menos, três formas de se pensar sobre este conceito, todas com seus bene- fícios e limitações: chamarei estes três tipos de abordagens da midiatização de abordagens institucional, tecnológica e cultural. Em segundo lugar, discutirei os problemas implicados no estu- do da midiatização e sugerirei que precisamos ter uma aborda-

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