Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

A midiatização em debate 59 políticas. O termo é mais antigo e era usado para descrever o processo de desempoderamento político no início do século XIX (entre 1802 e 1814) 10 . O neologismo midiatização apareceu e se desenvol- veu na comunidade científica durante os anos de 1990, prin - cipalmente em publicações de autores alemães e escandina- vos. Schulz afirma que uma das primeiras contribuições foi de Gianpietro e dele próprio em 1999 11 . Segundo Schulz, o propósito do artigo foi tornar admis- sível essa palavra de “treze letras”. Para isso, primeiro a distin- guiram de mediação. Enquanto mediação é um termo neutro, midiatização denota consequências problemáticas ou concomi- tantes no desenvolvimento dos modernos meios de comunicação 12 . Sublinha que a midiatização é mais crítica aos outros modelos de dependência da mídia. O auge dessa submissão da lógica da política pela lógi- ca da mídia acontece com a consolidação e desenvolvimento da televisão. Não obstante, grandes mudanças estão acontecendo no mundo da mídia. Nas duas últimas décadas, as tecnologias de mídia têm se desenvolvido muito. A transformação assumiu velocidade e ganhou ampla difusão com a chamada Web 2.0, com a in- trodução dos smartphones, fáceis de lidar, com aplicativos e redes sociais, tais como o Facebook, Twitter, YouTube, entre outros 13 . Essa realidade transformou sobremaneira o papel da mídia como intermediária que conecta indivíduos e instituições. Níveis, setores, centro e a periferia do sistema político estão cada vez mais enfraquecidos. Logo, todas essas alterações colo- cam em questão o conceito de midiatização. Os atores políticos foram emancipados frente ao modo de operação dos meios de comunicação de massa. Por que devem eles se adaptar à lógi- 10 SCHULZ, 2017, p. 2. 11 MAZZOLENI, G.; SCHULZ, W. Mediatization of Politics: A Challenge for Democracy ? Political Communication , v. 16, p. 247-261, 1999. 12 SCHULZ, 2017, p. 3. 13 Ibid ., p. 4.