Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Wilson Gomes 16 estaria aqui lutando com a polissemia e tentando construir pe- nosos consensos. Mas é também um experimento mental sobre o que pode ocorrer com conceitos com dificuldade de limitar a sua intensão (com “s” mesmo, se faz favor). Neste livro temos uma coletânea, capitaneada brava- mente por Jairo Getúlio Ferreira, de contribuições de grandes especialistas no tema da mediatização, combinadas entre abor- dagens teóricas e de fundamentação, de um lado, e aplicações; com eventuais combinações dos dois esforços. Assim como há capítulos com cartografias da própria pesquisa em mediatização (Vera França e Pedro G. Gomes) ou resenhas das aplicações a um campo específico (Magali Cunha, Fausto Neto), mas há também artigos que exploram novas perspectivas ou, ao menos, apontam direções e desafios para pesquisas futuras (José L. Braga, Jairo G. Ferreira). Dentre os que, de algum modo, organizam conceitual- mente ou historicamente o campo da mediatização estão os ca- pítulos de Göran Bolin e Muniz Sodré, de um lado, e os de Vera França e Pedro Gilberto Gomes, de outro. Quase todos os tra- balhos aplicados, contudo, em maior (como Ilya Kiriya, Antonio Fausto Neto e Jairo Getúlio Ferreira) ou menor grau, dedicam algum espaço para a elucidação conceitual ou para fazer algum reconhecimento do campo, o que parece refletir a necessidade permanente desta abordagem teórica e metodológica de funda- mentar, definir e justificar o seu objeto. O professor Göran Bolin oferece-nos um caso exemplar desta atitude. Apresenta em seu capítulo uma abordagem consis- tente do fenômeno da mediatização, adotando como corpus analí- tico o registro e o exame de experiências e memórias dos usos de meios de comunicação por parte das diferentes gerações. Depois de oferecer ummapa das alternativas conceituais típicas do cam- po de estudo da mediatização para a investigação do seu objeto (a perspectiva institucionalista, a abordagem tecnológica e o ponto de vista culturalista), e adotar a terceira delas, e após cartografar os modos frequentes de se encarar as gerações humanas, o autor apresenta alguns elementos para uma aproximação fenomenoló - gica e geracional do uso social dos meios de comunicação. Se o estudioso recolher uma amostra transversal de ummomento his- tórico, crê, resultará que diferentes gerações convivem sincroni-

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