Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões

92 Laísa Massena de Castro, Michele Rech, Sueli Venkre Tomás e Zuleika Köhler Gonzales povo Guarani, com sua lucidez nos fala sobre esse “ser invisível”, no site vimeo.com , apenas uma das violências pelas quais sofrem os povos indígenas no Brasil, ao dizer que “como ser humano, ele (o índio) desaparece. Se afoga no mar das palavras da burocracia, das teorias acadêmicas. Ele é afogado no meio das palavras quando a academia, os estudiosos entendem mais de índio que o próprio índio. Ele é invisibilizado pela própria academia. Ele perde a voz, perde o foco, perde a imagem”. (ALMIRES MARTINS 9 , Indígena Guarani). E segue: “Ele volta novamente quando tem o conflito, quando a mídia procura a notícia para vender o jornal, mostra o índio morto, o índio bêbado, preguiçoso, como se vê nos livros. O índio que quer muita terra, o índio que tem muita terra, este aparece, e aquele índio como ser humano, aquele que tem direitos, este desaparece, este sempre desapareceu… vai sumindo aos poucos. É como um grito no silêncio da noite, ninguém sabe de onde veio, ninguém sabe onde encontrar”. (ALMIRES MARTINS 10 , Indígena Guarani). Experienciar uma comunidade indígena de dentro, é, também (e talvez, principalmente) perceber o quanto eles são invisibilizados, e aqui nem falamos apenas da saúde indígena, mas, como ressalta Almires Martins, também do indígena como ser humano. Articulação da(s) mulher(es) indígena(s) no início da pandemia e os entraves que a comunidade Por Fi Ga enfrentou durante a pandemia do coronavírus (Covid-19) Algo que se entende quando o olhar se demora um pouco mais no viver ameríndio, é o papel das mulheres na comunidade, que é essencial. Sueli, a nossa interlocutora Kaingang, ressalta esse lugar 9 Indígena do povo guarani. Foi boia-fria, cortador de cana em usinas de açúcar e álcool, trabalhou na fundação Curro Velho e na Secretaria de Meio Ambiente (SEMA), em Belém, onde conheceu Armando Queiroz, que realizava uma pesquisa sobre estigmas históricos do contexto amazônico. Do encontro nasceu o vídeo Ymá Nhandehetama, que em guarani significa “antigamente fomos muitos”. https://vimeo.com/117503392. 10 Indígena do povo guarani. Foi boia-fria, cortador de cana em usinas de açúcar e álcool, trabalhou na fundação Curro Velho e na Secretaria de Meio Ambiente (SEMA), em Belém, onde conheceu Armando Queiroz, que realizava uma pesquisa sobre estigmas históricos do contexto amazônico. Do encontro nasceu o vídeo Ymá Nhandehetama, que em guarani significa “antigamente fomos muitos”. https://vimeo.com/117503392

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