Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões
O trabalho em reinvenção: narrativa de uma experiência em meio à pandemia 69 de bordado, onde uma das oficineiras conta que tem observado mais atentamente suas plantas e a lua – e isso, antes da pandemia, passava despercebido em seu dia a dia. A partir desse disparador, surge a ideia de criar uma oficina de fotografias com a proposta de provocar outros olhares, outros modos de enxergar o nosso cotidiano. Um convite para as inúmeras possibilidades de perceber o que existe no entre, nos detalhes, nas pequenas coisas que nos acontecem. Nesse outro cotidiano que se coloca, sobretudo em um contexto de isolamento social, impõe-se a necessidade de criação de novos olhares e reflexões sobre aquilo que nos é tão, supostamente, conhecido. O primeiro movimento foi lançar a ideia no grupo composto entre equipe técnica, residentas/es e estagiárias/os, que toparam essa nova oficina. Em seguida, são feitos os convites para os oficineiros participarem da criação desse novo espaço e, felizmente, logo na primeira semana, o grupo já possuía 7 integrantes. Combinamos um encontro numa sexta-feira à tarde, onde foi possível delinear algumas ideias e realizar combinações. Criou-se um grupo noWhatsapp, pensado como um espaço onde pudéssemos compartilhar nossos registros e conversarmos no decorrer da semana. Ao longo dos encontros fomos tencionando (e tensionando) outros lugares. Combinamos que iríamos publicar essas fotografias também nas redes sociais através do perfil do Facebook e Instagram da GerAção POA. Durante o encontro virtual da oficina, há o mo(vi)mento de visualizarmos em conjunto as fotografias publicadas no grupo ao longo da semana, numa tentativa de enxergar e escutar o que está para além do que é observável. É como se, a cada semana, tivéssemos a oportunidade de passear por uma nova exposição, onde as/os artistas são protagonistas e nos convidam a partilhar de uma imensidão de sentidos. As narrativas que acompanham cada foto nos interessam e fazem parte deste álbum coletivo que, além de imagens, é recheado de histórias, de compartilhamentos – e às vezes também de memórias adormecidas que despertam a partir deste outro olhar. Nesse espaço circulam imagens singulares, que brincam com técnicas, que flertam com cores, luzes e sombras. Imagens que permitem que nossa imaginação flutue e crie outras possibilidades de tornar visível. Como bem destaca Sontag (2004), a fotografia tem essa potência de, a partir da criação de um novo código visual, modificar e ampliar as ideias que temos do visível, do observável e do imaginável.
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