Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões
58 Andreza S. Santelmo, Meiriane da Silva, Nathalia R. Gomes, Aniée Raquel M. Machado, Michele S. Schneider e Melina Lima agressor tem algum nível de intimidade com a vítima (SILVA; et al. 2019), situação que foi prevalente no presente estudo. A partir dos dados encontrados sobre a prevalência de filhos entre o agressor e a mulher em situação em violência, esse estudo demonstrou que apenas 29,5% dos casais não possuem filhos. Este dado reforça ainda mais a evidência de que há um predomínio de agressões em relacionamentos íntimos com as mulheres e agressões perpetuadas no ambiente familiar. Neste sentido, a presença dos filhos durante a agressão foi observada em 60% dos casos, onde as mulheres relataram que os filhos presenciaram a agressão. Tal evidência, já foi observada por Neto et al. (2017) que traz que, em diferentes casos, os filhos acabam vivenciando episódios de violência junto das mães. A perpetração da violência na presença dos filhos pode produzir efeitos negativos no desenvolvimento das crianças, considerando que experiências de violência na infância podem vir a se repetir na vida adulta (ROSA; FALCKE, 2014; SANT’ANNA; PENSO, 2016). O uso de álcool e outras drogas é fator que tem se mostrado como preditor para a violência doméstica e neste estudo, observou- se que 44 (46,3%) mulheres mencionaram que o suposto agressor consumia álcool de forma excessiva. De acordo com dados do III Levantamento Nacional sobre o uso de drogas pela população Brasileira Dados (FIOCRUZ, 2017), há uma estimativa de episódios de violência psicológica e física, praticadas por indivíduos do sexo masculino sob efeito de álcool ou de substâncias ilícitas. No que se refere a dependência financeira, 53,7% as mulheres afirmaram não depender financeiramente do suposto agressor. Á vista disso, conclui-se que a permanência nesses relacionamentos pode advir de uma dependência emocional. Conforme Souza e Rezende (2018) as mulheres se mantêm em relacionamentos violentos e ainda sim, não dependem financeiramente desses homens, nessas situações a permanência é através da dependência emocional e muitas vezes ligada ao medo da solidão. Outras vezes a intenção de permanecer com o agressor vem da idealização do casamento, de viver com amor, respeito e felicidade junto do marido e filhos ( LABRONICI et al. , 2010). A idade média das mulheres engajadas no estudo corrobora com a média de idade que a literatura apresenta, Moura et al. (2012) afirmam que 65% das mulheres em situação de violência possuem entre 20 e 39 anos. Este período da vida das mulheres é o maior economicamente
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