Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões

Para além da escuta de mulheres em situação de violência: relato de experiência da análise dos fatores sociodemográficos 57 Discussão A violência psicológica, que apareceu em 89,5% dos resultados, pode ser caracterizada como expressões e atitudes que causam danos emocionais ou que prejudicam e perturbam outra pessoa. Esse tipo de violência tem o intuito de prejudicar a imagem ou controlar a ação, comportamentos e decisões mediante a ameaças, humilhação, manipulação ou qualquer outro meio que cause prejuízo à saúde psicológica (BRASIL, 2006). Em breve revisão, observou-se que a violência psicológica pode ser caracterizada através de situações como: controle, isolamento, ciúme patológico, assédio, aviltamento, humilhação, intimidação, indiferença às demandas afetivas e ameaças (COLOSSI & FALCKE, 2013). Apredominância da violência psicológica também foi observada por Mascarenhas et al. (2020) corroborando os dados apresentados no presente estudo. Já, o segundo maior tipo de violência que a coleta mostrou ser mais frequente foi a violência física, aparecendo em 66,3% dos casos. Segundo a Lei Maria da Penha (nº. 11.340/06), a violência física é compreendida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher. Nossos resultados vão na mesma direção apontada pela literatura, onde observa-se a violência psicológica como a violência de maior prevalência, seguida da violência física (SCHRAIBER et al. , 2007). Destaca-se que nos casos analisados no presente estudo, em diversas mulheres, foram observados os registros de mais de um tipo de violência. Os altos índices de comorbidades nos resultados são confirmados pela literatura, que afirma ser muito difícil encontrar casos que ocorram apenas um tipo de violência contra a mulher (ROSA; FALCKE, 2014). A maioria dos agressores identificados pelas mulheres possuíam uma relaçãode intimidade, essedadofica claroapartir do resultadodeque 61,6% das mulheres relataram que o agressor é o seu ex-companheiro. Segundo Rosa e Falcke (2014) a prevalência da situação de violência conjugal pode ter maior predisposição a partir de alguns fatores, são eles: vivências na família de origem do agressor, características de personalidade, como dificuldade de expressão e resolução de conflitos e questões como vida financeira, escolaridade, situação do emprego, etc.. O padrão transgeracional também pode ser considerado como um fator importante na ocorrência de violência doméstica (SILVA; et al. 2019). A violência doméstica pode ser conceitualizada quando o

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