Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões

52 Andreza S. Santelmo, Meiriane da Silva, Nathalia R. Gomes, Aniée Raquel M. Machado, Michele S. Schneider e Melina Lima Introdução A violência tem ocupado um lugar relevante no cerne das preocupações cotidianas, produzindo o fomento de políticas públicas em vários países do mundo. A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2002, em seu Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, inclui tal questão como um dos principais problemas mundiais de saúde pública, visto a constatação do expressivo aumento no número de lesões intencionais que afetam sujeitos de diferentes faixas etárias e gêneros, mas especialmente, mulheres e crianças. (SANTI; NAKANO; LETTIERE, 2010; KRUG et al. , 2002). Nesse sentido, e por reflexo do panorama geral estabelecido, a violência contra a mulher também é tomada, atualmente, como uma questão complexa e de Saúde Pública (SCHRAIBER; D’ OLIVEIRA; COUTO, 2009). No Brasil, em média, 30% das relações conjugais apresentam alguma situação de violência contra a mulher. (COLOSSI; FALCKE, 2013) De acordo com a Lei 11340/2006 (BRASIL, 2006), a violência doméstica contra a mulher se caracteriza como qualquer “ação ou omissão que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”. Essas situações de violência podem ocorrer no ambiente doméstico de pessoas que possuem ou não vínculo familiar. Observam-se registros de violências no núcleo familiar ou perpetuadas por indivíduos unidos por diferentes laços, que podem variar em afinidade e intimidade. Muitas vezes, a violência contra a mulher está presente em caráter oculto, fazendo com que a ocorrência e os impactos sejam constantemente subestimados, produzindo implicações negativas no bem-estar, não só da mulher, mas em todo o ambiente familiar (OMS, 2012). Alguns fatores de risco são relatados na literatura, como por exemplo o uso de drogas ilícitas, álcool, desemprego e a falta de diálogo, entre outros. (VIEIRA, et al. , 2008; MARASCA, COLOSSI, FALCKE, 2013). Podem ser relacionados a fatores individuais e culturais, pois se trata de um fenômeno complexo e multideterminado. (VIEIRA, et al. , 2008; MARASCA, COLOSSI, FALCKE, 2013). À vista disso, o Formulário Nacional de Risco e Proteção à Vida, conhecido como FRIDA, foi desenvolvido com o objetivo de identificar os fatores de risco e de proteção da mulher em situação de violência. Adicionalmente, visa contribuir na identificação do grau de risco em que a mulher se

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