Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões
46 Marcela Nunes Penna, Vanessa da Silva, Flávia Pereira Galisteo, Michele Scheffel Schneider e Melina Lima situações de submissão, bem como afastando-se de relações prejudiciais e não repetindo padrões comportamentais negativos. Ressaltamos a importância de se questionar a expressão “vítima”, em que se coloca a mulher em posição de assujeitamento, não possuindo controle de seus atos, relações e cotidiano, tampouco como alguém que apenas sofre a violência. No entanto, a reflexão não se refere a simplesmente retirar a culpa dos agressores e nem minimizar as diferenças sociais das mulheres em uma sociedade patriarcal, porém pensar além disso, ou seja, compreende-se que em maior ou menor nível, ambos participantes de uma relação cometem diversos tipos de agressões, ao compreender a violência como um fenômeno “sistêmico e relacional, sendo que o homem e a mulher ocupam diferentes papéis no relacionamento conjugal, sendo vítimas e algozes em distintos momentos” (ROSA; FALCKE, 2014, p. 29). Apartir desta compreensão, entende-se a necessidade de se pensar estratégias interventivas que não só escutem as mulheres, mas também os homens. Segundo Muzskat e Mukskat (2016), devido a sociedade atribuir mais poder e força moral para os homens, mostra-se comum que os homens necessitem que as mulheres reafirmem sua posição de poder. Através da violação desse desejo, o homem seria o maior autor de violências, em comparação às mulheres. Entretanto, as autoras apresentam a ideia de que homens e mulheres podem ter diferentes formas de agressão, sendo que a agressão que humilha ou desqualifica teria um peso difícil de se medir ou verificar, já que não é vista a olho nu, apenas fica marcada no sujeito, como uma “dor na alma” (MUZSKAT; MUZSKAT, 2016, p. 49). A partir disso, mostra-se importante investigar e compreender a violência no plano do não-dito, nas violências mais opacas para os olhos e que também fazem parte de uma teia de agressões que capturam os sujeitos. Ademais, mostra-se de suma importância o fortalecimento da rede no município de São Leopoldo para prestar maior suporte às mulheres em situação de violência, no sentido de oferecer serviços de informação, apoio e suporte, principalmente em situações que o abrigamento da mulher é necessário, por exemplo, diante da guarda dos filhos ou na pensão para os mesmos. Dessa forma, percebe-se que os Centros de Referência em Assistência Social (CRAS) possuem papel fundamental na orientação da mulher em situação de vulnerabilidade social e violência. Assim como se faz necessária a intervenção do Centro
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz