Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões
42 Marcela Nunes Penna, Vanessa da Silva, Flávia Pereira Galisteo, Michele Scheffel Schneider e Melina Lima de experiência de um trabalho de avaliação dos fatores associados”, desenvolvido pelas estagiárias da Ação “Avaliação Psicológica em Diferentes Contextos”, presente nesse volume da Série Cadernos do PAAS. As recusas ao contato podem ser compreendidas a partir de uma hipótese apresentada na compreensão do ciclo da violência. Onde Hirigoyen (2006) aponta para um aumento da tolerância da mulher, que gera uma normalização da violência, além do aumento da intensidade e velocidade com que o ciclo é retomado ao longo do tempo. Após o momento da violência, o autor também aponta para uma fase de lua de mel, em que o agressor tenta se reconciliar com a vítima ou recompensar o ato violento, que seria o momento que a mulher faria a denúncia, porém ao escutar promessas de mudanças, não o faz ou, após fazer, retira o processo criminal. Ao longo do processo de escutas, percebeu-se o telefone celular e as redes sociais como integrantes do cenário da violência. De uma certa forma, o celular compõe uma forma de elo do indivíduo com o mundo, com a sua rede de apoio e afetiva, com outras realidades e contextos que podem trazer certas comparações, exemplos de situações semelhantes ou até como um dispositivo de fortalecimento social, em que pode-se sentir integrando uma rede de pessoas e constituindo vínculos. Além disso, é importante enfatizar a internet como uma forma de conhecer pessoas e possivelmente iniciar novos relacionamentos. De acordo com Haack e Falcke (2017), os relacionamentos podem ser divididos em Relacionamentos Amorosos Mediados pela Internet (RAMI) e Relacionamentos Amorosos Presenciais (RAP). A s autoras identificam que o tempo médio de uso diário da internet, sendo que os em RAP seria de 5 horas e 51 minutos, sendo 2 horas e 41 minutos para manter contatos sociais. Já as pessoas em RAMI teriam um uso médio de 7 horas e 34 minutos diários, com 4 horas e 11 minutos para manter contatos sociais (HAACK, FALCKE, 2017, p. 38), evidenciando a presença das redes sociais e da tecnologia na vida da sociedade entrevistada. Dessa forma, tendo os dispositivos de tecnologia como forma de realizar uma ponte com a sociedade, assim como conhecer pessoas e estabelecer relacionamentos afetivos, o celular se torna um dispositivo que pode gerar ciúmes dentro do relacionamento e uma necessidade de controle do que o parceiro está fazendo e com quem
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