Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões

36 Marcela Nunes Penna, Vanessa da Silva, Flávia Pereira Galisteo, Michele Scheffel Schneider e Melina Lima Ainda conforme Vieira, Garcia e Maciel (2020), a desigualdade de gênero também fica evidente com relação à divisão das atividades domésticas, como o cuidado geral com a casa e com os filhos, que ficam sob responsabilidade das mulheres na maioria dos casos. O que confirma o ambiente familiar como mais uma esfera de exercício do poder masculino e da sobrecarga de esforços das mulheres para manterem suas casas em ordem, principalmente em tempos de isolamento social, num momento no qual, provavelmente, as cargas de trabalho domésticos aumentam exponencialmente. Santos e Moré (2011) nos propõem a pensar que mulheres agredidas por familiares tendem a minimizar o problema, tendo esperanças de que o agressor não seja tão violento quanto parece. Além disso, outro dado importante destacado é de que, devido à sobrecarga emocional que essas mulheres sofrem em seus ambientes domésticos, podem ter prejuízos no ambiente de trabalho, como maior dificuldade de concentração ou disposição física e emocional. Em contrapartida, Santos e Moré (2011) ainda destacam o trabalho como sendo uma estratégia de enfrentamento da situação de violência, já que algumas mulheres relataram se sentirem aliviadas em períodos de trabalho, por se ocuparem com suas atividades laborais e evitar pensar sobre a situação de agressão vivenciada. A pandemia e a necessidade de reinvenção A Ação “Escuta de mulheres em situação de violência” iniciou em 2016, por meio da parceria com a Juíza Drª Michele Becker, da Vara da Violência Doméstica de São Leopoldo, que identificou uma necessidade de acolhimento e escuta qualificada para as mulheres durante as audiências. Em 2017, observando que essas mulheres ficavam aguardando pelas audiências no corredor do Foro, ali já se estabelecia algum tipo de diálogo entre elas, pensou-se na ampliação da proposta para uma escuta num contexto grupal. Foi organizada uma intervenção denominada Sala de Espera 6 , na qual essas mulheres poderiam 6 ALDANA, M. L. F. C; ACOSTA P. G.; MACHADO, L. F.; SCHNEIDER, M. S.; CASTRO, R. C.; RÊGO, P. T.; FEIFFER, T.; SCHEIBEL, A. Escuta de mulheres no fórum: desafios e potencialidades. In Rivero, Nelson E. E. et al. (org.). Redes: construções coletivas com um serviço escola. São Leopoldo: Casa Leiria, 2018. p. 41-51. Série Cadernos do PAAS, v. 5.

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