Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões
32 Marcela Nunes Penna, Vanessa da Silva, Flávia Pereira Galisteo, Michele Scheffel Schneider e Melina Lima a metodologia utilizada nessa escuta. Os principais resultados do relato estão relacionados a possibilidade de construção de um espaço de escuta remota e os desafios impostos por essa modalidade de atendimento. Além disso, dificuldades na identificação de rede de apoio, acesso à internet, manutenção do ciclo da violência e dependência emocional são resultados que foram analisados criticamente e fazem parte do artigo em questão. Palavras-chave: mulheres, violência, isolamento, escuta. Introdução O presente trabalho teve a intenção de descrever uma metodologia de trabalho remota, destinada a mulheres em situação de violência, organizada a partir da necessidade de isolamento social em função da pandemia por Covid-19. A experiência foi realizada por integrantes da ação “Escuta de mulheres em situação de violência” do Projeto de Atenção Ampliada à Saúde – PAAS, vinculado à Escola de Saúde do Campus São Leopoldo, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, a partir de junho de 2020. Contou-se com a parceria da Vara da Violência Doméstica da Comarca de São Leopoldo e o apoio do Centro Jacobina (Centro de referência para atendimento às mulheres em situação de violência da cidade de São Leopoldo). Observa-se que a violência contra a mulher é uma situação recorrente em nosso país, sendo que em 2015 o Brasil ocupava o 5o lugar no ranking mundial de feminicídios, homicídio contra mulheres por motivo de gênero. Em pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa DataSenado em 2019, 36% das mulheres entrevistadas relataram já ter sofrido violência doméstica. Segundo o artigo 5º da Lei 11.340 Maria da Penha (BRASIL, 2006), violência doméstica e familiar contra a mulher é “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”, praticada por alguém de dentro da família, como companheiro, ex-companheiro, pai ou filho. Dentro dessas violências apontadas pela pesquisa do Instituto de Pesquisa DataSenado (2019), as mais sofridas foram violência física (66%), psicológica (52%), moral (36%). Em relação a possibilidades de agressores, 41% relataram que sofreram violência de companheiro, namorado ou marido, 37% de ex- companheiro, ex-namorado ou ex-marido e 5% de pai ou padrasto.
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz