Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões
Pandemia, descobertas e reinvenções no cuidado em saúde 29 essa é a grande riqueza e talvez esse seja o maio aprendizado, o trabalho coletivo e compartilhado que a tecnologia também nos proporciona. Comissão Cadernos do PAAS – Se ainda tiveres fôlego Débora, poderias nos falar um pouco sobre a inclusão das tecnologias da informação nos cuidados em saúde mental e nas situações de crise? Débora Noal – Eu relativamente já respondi, mas vou só complementar. Normalmente quando nós trabalhamos ou quando eu trabalho lugares como Sudão do Sul, República Democrática do Congo, mesmo a Guiné a gente tem muitas limitações tecnológicas, porque normalmente não tem internet, não tem telefone, não tem luz, não tem água encanada, então a tecnologia ela é muito limitada nesses lugares. O que essa pandemia tem nos possibilitado é fazer intercâmbios, por exemplo, mesmo lá em Moçambique em uma região como Beira que já tinha sido afetada por um ciclone extratropical, eles de alguma forma conseguiram acompanhar e se beneficiar de um curso que nós dávamos aqui no Brasil, ou seja, a tecnologia ajudou as equipes brasileiras a fazer frente ao sofrimento, mas também ajudou as equipes que estavam em outros países. Nós tivemos relatos de mais de quinze países ou trabalhadores de quinze diferentes países que foram acompanhando os nossos cursos aqui, sobre saúde mental e atenção psicossocial na Covid-19. Ou seja, as tecnologias de informação nos ajudaram muito e seguem nos auxiliando, basta saber como a gente faz para utilizá-las. Antes da pandemia a gente reclamava muito “as crianças passam muito tempo em frente as telas, os adultos passam muito tempo em frente as telas” e eu costumo dizer que não é necessariamente o que você faz, mas o uso que você está fazendo disso e o significado que você está dando e as tecnologias auxiliaram muito as equipes SMAPS (Saúde Mental e Atenção Psicossocial) na Covid-19. Muitos dos pacientes, por exemplos, os internados em UTIS ou áreas de isolamento que não podiam encontrar seus familiares foi através da tecnologia que nós conseguimos aproximar afetivamente essas pessoas, dando um ancoramento junto a rede socioafetiva e isso influencia diretamente na estabilidade emocional desses pacientes, aumentando a imunidade fazendo com eles tenham mais facilidade de fazer frente a esse adoecimentos. Comissão Cadernos do PAAS – Como será a Débora Noal, depois da Pandemia? Débora Noal – Brinco que essa é a pergunta do milhão quem souber ganha...Por enquanto eu não sei, a gente ainda está, eu considero
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