Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões
28 Entrevista Débora Noal Débora Noal – Podemos sim. O nosso papel é fundamental, sempre foi, mas agora ele é evidente, é latente e é urgente. Não dá para passar despercebido. Agora é hora de a gente olhar como trabalhar a questão do cuidado, que é um cuidado individual, mas é muito e demasiadamente um cuidado coletivo neste momento. Então, pensar como é que a gente ajuda a manter e a garantir a dignidade humana nessa estrutura, como é que a gente olha para esses sujeitos que a gente cuida como sujeitos de direitos e que a gente ajuda a ir reconfigurando essas estratégias humanas de vida. Comissão Cadernos do PAAS – Em relação ao trabalho que realizas neste momento junto aos cuidados e à saúde mental dos trabalhadores da saúde, podes compartilhar como tem sido a experiência? E que considerações gostarias de fazer sobre o trabalho? Débora Noal – Tem sido uma experiência muito intensa, eu costumo dizer que o grande diferencial desta pandemia na minha perspectiva é que você está 100% do tempo na perspectiva do trabalho. Então você está em casa pensando em como promover Psicoeducação dentroda suaprópria casa, vocêestána sua rede socioafetivapromovendo Psicoeducação, mas está também do lado de fora fazendo Lives , montando cursos, Workshops , Webinar , tudo para poder ajudar a pensar a Psicoeducação, mas também a produção de estabilização emocional em nós. Isso não é muito fácil de fazer, mas posso dizer que com o uso das tecnologias isso tem sido muito mais rápido e mais amplo do que eu mesma imaginava. Tem sido uma grande aprendizagem inclusive, acho que é a primeira vez que eu consigo formar normalmente essa parte do meu trabalho produzir cuidado direto aos beneficiários, aos usuários, mas também produzir um cuidado com a saúde mental dos trabalhadores e breves formações. Mas é a primeira vez em mais de uma década de trabalho que eu consigo formar em menos de dois meses quase setenta mil pessoas. Então só no curso que nós montamos na Fiocruz entre março e julho nós formamos 69.500 trabalhadores de saúde, só nesse curso. Então esse é umponto que eu gostaria de ressaltar, o quanto nós conseguimos fazer um cuidado muito abrangente se nós pensarmos estrategicamente e de uma forma compartilhada. Então eu ajudei as equipes a idealizarem todo este curso, mas ele só foi possível, porque mais de cem pesquisadores do Brasil e do mundo aceitaram o desafio de montar material didático, de montar vídeos, de estruturar Lives e também nos auxiliar a responder as perguntas nos fóruns. Então
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