Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões
A pandemia, as medidas insanitárias e os desafios por um processo civilizatório da melhor humanidade possível 187 pesquisando, antes da pandemia, a produção do cuidado com as pessoas com deficiência. O nosso projeto de pesquisa é baseado numa estratégia, em que nós partimos do princípio de que todo mundo é pesquisador no campo de pesquisa. Então a pessoa com deficiência é pesquisadora, o cuidador dela é pesquisador, o trabalhador é pesquisador e pesquisadora, e que por tanto o campo da pesquisa é um campo de entrelaçamento das diferenças. E que, a produção da pesquisa, da vazão ao entrelaçamento das diferenças, e coletar a produção de conhecimento que isso provoca, é assim que a gente faz pesquisa. E nós fomos pegos no meio dessa pesquisa pela situação da pandemia, mas a pesquisa continuou, porque a gente mesmo remotamente, já tinha um monte de conexão, um monte de experiências acumuladas. E então, o que é que a pandemia produziu em nós nessa nova experimentação da pesquisa? O quanto é potente o corpo deficiente? Dito deficiente. Tanto que nós mudamos completamente nossa nomenclatura. Não falem corpo deficiente, apesar de que o projeto foi aprovado assim porque o edital nominava assim e o projeto tinha que ter esse nome. Na realidade, nós trabalhamos com a noção de corpos dissonantes, porque no ponto de vista da dissonância todos os corpos são dissonantes. E a chamada deficiência não se instala nos corpos, a chamada da deficiência se instala na vulnerabilização dos corpos na produção de existência. Então, se você pega essa questão que aparece nessa dimensão e projeta ela para qualquer outra corporeidade dá pra entender o tipo de diálogo que a pandemia nos permite trabalhar. E como é que é possível trabalhar a produção da potência de si dentro disso. Isso é o que a gente tem explorado atualmente com alguns trabalhos que a gente tem feito e aprendendo com a construção coletiva da pandemia. Que por mais paradoxal que seja, em certas frentes e trabalho o trabalho remoto ampliou a coletivização. Rompeu aquela grupalidade fragmentária que nunca saía da pré-tarefa, usando aqui Pichon Rivière 22 , ela rompeu em várias frentes de trabalho. A gente se desloca pra uma outra grupalidade, aonde o processamento coletivo se instala de uma maneira incrível. Incrível. Nós vamos tentar levar essa experiência para o Congresso da Rede Unida. Vou fazer aqui propaganda pra vocês. Então, na última quarta quinta sexta e sábado de outubro e o primeiro domingo 22 Enrique José Pichon-Rivière (1907-1977) nasceu em Genebra e, aos três anos de idade, imigrou com a família para a Argentina. Foi um dos fundadores da Associação Psicanalítica Argentina e criou a psicologia social operativa e a técnica dos grupos operativos.
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