Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões

A pandemia, as medidas insanitárias e os desafios por um processo civilizatório da melhor humanidade possível 185 vejo as influências dentro da pós-graduação, é impressionante essas coisas estão ali cravadas, em todos esses territórios, na engenharia, na medicina, em todos esses territórios. Porque essa é a construção da essência dessa organização adocrática que a gente chama de universidade. Então eu vejo que a pandemia nos posiciona, para uma possibilidade de pautar coletivamente, não como professores isolados dentro de um curso. Eu sou professor de medicina da UFRJ e participo de certos fóruns que outros não participam, vou lá e falo essas coisas. Todos os outros olham pra mim e falam: mas o que esse cara está dizendo? A formações tem que ter seus processos coletivos, quer dizer, tem que ter a comunidade acadêmica implicada nisso. Eu tive muitas expectativas que se frustraram nas ocupações. Eu participei das ocupações na UFRJ – não sei se vocês conhecem lá, mas um dos câmpus da UFRJ, onde inclusive está o curso de psicologia é no câmpus da Praia Vermelha, fica ali perto do Pão de Açúcar. A UFRJ tem outros câmpus, o maior é no fundão e ele tem campus no interior o de Macaé, é onde eu dou aula de graduação da medicina. E alí, na ocupação que começou com os secundaristas, o câmpus foi ocupado. Alguns professores, pouquíssimos professores, se ofereceram para trabalhar com alunos e alunas que estavam ocupando o câmpus. Construindo aulas nas praças, construindo aulas no jardim do câmpus, construindo aulas nas ruas, construindo aulas nas praças do Rio de Janeiro, junto comos alunos. Oque me inquietoumuito, que na hora que iríamos discutir com os ocupantes, como eles pensavam a produção do espaço, eles reproduziram a sala de aula dentro da praça. Eles queriam um professor sabido que quisesse “dar” uma aula, mas agora embaixo de uma árvore, ou agora ali no Lago do Machado, ou coisas desse tipo. Isso me inquietou muito, porque a primeira atitude era problematizar e eles não conseguem pensar uma universidade diferente? A única coisa que a gente consegue pensar é sair de dentro da sala de aula, e fabricar a sala de aula no quintal? Isso é muito inquietante. CADERNOS : Sim, talvez uma das formas de perceber mencionas antes, a força da produção subjetiva nesses nossos corpos domesticados, a incapacidade da transgressão. MERHY : Ou da esquerda saber o que é fazer política, porque a esquerda confunde fazer política, com organização partidária da política. Você viu agora a Jandira Fegali, respondendo porque votou pela isenção da contribuição de um bilhão das igrejas, e ela disse:

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