Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões
A pandemia, as medidas insanitárias e os desafios por um processo civilizatório da melhor humanidade possível 181 movendo na direção de uma integralização maior das práticas e mesmo até destas misturas interprofissionais, que, cada vez tem sido pra nós muito importante. Como que dentro desse cenário que nos apresenta se pode pensar uma formação de profissionais da saúde? Temos feitos os esforços de pensar uma formação de saúde mais vinculada as demandas de um coletivo que parece cada vez mais não existir. O que se faz, quer dizer, para onde nós vamos? Como é que se pensa o processo de formação dentro desse cenário? Merhy : Eu sempre participei da defesa do processo formativo no campo da saúde, desde sempre... Ele, para mim, tem que ocorrer aonde a vida se produz e não aonde a enfermidade é institucionalmente acolhida e enquadrada. Isso quer dizer que essa questão nos coloca diante da possibilidade de tentar escutar o que de novo a pandemia acelera e torna evidente pra dialogar sobre isso. Uma das primeiras coisas que faz muito sentido – que já havia sinais vindo do processo formativo e a pandemia também tornou muito evidente – é que a produção do cuidado não pertence ao território instituído considerado exclusivamente como território do cuidado que é o chamado campo institucional da saúde. Ou seja, o cuidado ele é um processo difuso na produção das distintas modalidades de construção de modos e viveres. Então você poder conversar com um cara que nem o Ailton Krenak 18 e ele dizer que o cuidado vaza sistematicamente no modo como o povo dele vive em cima das maneiras de sociabilização que eles na construção da vida deles e que é completamente distinta da nossa. Faz você ter que escutar um pouco sobre como dialogar com o processo formativo nesse vazamento. A pandemia em alguns momentos críticos trouxe isso pra cena. Eu lembro que na Itália, ainda quando eu estava no norte da Itália, Milão tomou uma posição muito insanitária com uma frase muito parecida que o Dória no começo da pandemia em São Paulo também falou. O governante de Milão disse assim: “Milão não pode parar” e diante de Milão não pode parar, a pandemia fez um arraso em Milão que levou a necessidade de mudança em menos de um mês nas estratégias deles. ODória falou isso no começo também “São Paulo não pode parar” e depois ele na luta antibolsonarista, ele quis se diferenciar e começou a tomar umas atitudes de aproximação oportunística para uma outra modelagem. E então, voltando ao norte da Itália, a região 18 Ailton Krenak é ambientalista, líder indígena e escritor brasileiro. Pertence à etnia indígena crenaque.
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