Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões

A pandemia, as medidas insanitárias e os desafios por um processo civilizatório da melhor humanidade possível 177 nesses séculos, ele vem se esgotando enquanto racionalidade. É não ter compreendido isso. É como se quisesse fazer uma volta para situações, por exemplo, para situações eurocêntricas. E ter que adotar uma delas pra vim aqui corrigir no futuro o que nós não estamos sabendo fazer. Por isso a Pandemia também tem trazido de uma maneira muito intensa esse tema da colonialidade. E tem aberto este front pra nós sobre qual nós precisamos falar. Não só pela presença de uma produção mais intensiva que vem se tornandopública, porexemplo, depensadores, escritores, poetizas, feministas africanos. Mas por toda uma oferta também de outras cosmovisões como por exemplo de povos originários aqui na região da América Latina com um alto poder. Poder para gerar deslocamento desse excesso de saber que tínhamos e que se mostra um não saber. Então a Pandemia cria também este novo componente e que infelizmente (infelizmente... olha eu falando infelizmente! Mas é meu jeito de colocar meu afeto nisso...) o campo da esquerda não consegue sentir o cheiro disso. Sentir a presença disso. Estou a ponto de achar que isso é mais substancial do que reafirmar o que vem se reafirmando. É uma confusão instalada de produção de pensamentos. É só você acompanhar os “ao vivo” produzidos pela esquerda. É lamentável o que você vai escutando. Há dois anos, eu fui convidado a fazer uma conferência sobre uma conversa entre o pós-estruturalismo e a saúde coletiva brasileira. Eu fiz uma conferência, essa conferência foi publicada pela revista Saúde em Redes da Rede Unida 13 . Onde eu faço uma discussão com vários autores que pra mim me permitem fazer esse debate. Tipo Eduardo Viveiros de Castro 14 , Bruno 13 A Saúde emRedes é uma publicação quadrimestral e está organizada em plataforma on- line, de acesso livre, colaborando com os objetivos da Rede UNIDA na disseminação de conhecimentos e tecnologias no campo da saúde e da educação. Artigo disponível em http://revista.redeunida.org.br/ojs/index.php/rede-unida/article/view/2344 14 Etnólogo americanista, com experiência de pesquisa na Amazônia. Doutor em Antropologia Social pela UFRJ (1984). Docente de etnologia no Museu Nacional/ UFRJ desde 1978. Professor titular de antropologia social na UFRJ desde janeiro de 2012. Membro da Equipe de Recherche en Ethnologie Américaniste do C.N.R.S. (hoje incorporada ao Laboratoire d’Ethnologie et Sociologie Comparative — CNRS/Nanterre) desde 2001. Simón Bolívar Professor of Latin American Studies na Universidade de Cambridge e membro de King’s College/Cambridge (1997- 98); Directeur de recherches no C.N.R.S. (1999-2001). Professor-visitante nas Universidades de Chicago (1991, 2004), Manchester (1994), USP (2003), UFMG (2005-06). Prêmio de melhor tese de doutorado em Ciências Sociais da ANPOCS (1984); Médaille de la Francophonie da Academia Francesa (1998); Prêmio Erico Vanucci Mendes do CNPq (2004); Ordem Nacional do Mérito Científico (2008); Doutor Honoris Causa pela Université de Paris Ouest Nanterre La Défense (2014) e

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