Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões
176 Entrevista com Emerson Merhy a Suely vai formulando em vários momentos. A Suely há algum tempo atrás muito antes da pandemia, diante da crise que foi se instalando de uma maneira muito evidente de 2016 para cá no Brasil, uma crise institucional mais séria, Suely lembrava e falou “olha talvez estejamos aqui diante da possibilidade de um certo campo... o campo da esquerda no Brasil compreender que o tema da micropolítica passa a ser um tema de deslocamento fundamental para pensar o ativismo e a ação no plano societário” e Suely desenvolveu naquele período textos, falas e dizendo: tem um esgotamento e esse esgotamento abriu uma possibilidade de fuga para um outro lugar que é essa perspectiva da micropolítica no campo da luta societária. Bom, na realidade sobre esse ponto de vista eu não sou muito otimista, na realidade eu vejo que o chamado campo da esquerda que poderia ser esse campo que teria algo a dizer de forma substancial para se contrapor a esse processo civilizatório libertário da extrema- direita, eu vejo que esse campo não tem produzido grandes indícios a não ser muito pontualmente de que de fato ele compreendeu que ele está em um território esgotado. Eu vejo isso com muito pessimismo, quando eu vejo que muitos setores de pensadores da esquerda em vários ao vivo (Lives), procuram reafirmar paradigmas de volta ao século XIX – tipo as ideias Marxistas mais atrasadas possíveis –, como os únicos que podem permitir a gente entender o que está acontecendo no mundo. Isso me assusta, porque diante de uma crise que estamos vivendo você volta a tomar uma atitude muito típica do campo da esquerda que é mais ou menos a seguinte ideia “a gente não leu direito os clássicos, por isso estamos fazendo as coisas erradas, talvez a gente tenha que voltar para os clássicos e ler de novo para ler corretamente”. Parece que é quase uma hermenêutica que se instala na leitura dos livros sagrados e isso me preocupa, porque você ver reemergindo agora como grandes pensadores para debater ao vivo no campo da esquerda, pensadores de esquerdamuito pouco interessantes, filósofos muito pouco interessantes reafirmando quase que de uma maneira intensa a potência das categorias de análise construídas pelo século XIX para a gente entender o que acontece hoje. Ora, isso é não ter entendido o que mesmo a pandemia acelerou diante de tornar evidente que todo um processo de colonialidade que se formou investigação enfoca os regimes do inconsciente, suas formações no campo social e as respectivas políticas de subjetivação, a partir de uma perspectiva teórica transdisciplinar e indissociável de uma pragmática clínico-política. Atua nos campos da cultura, da arte e da psicanálise, privilegiando sua interface micropolítica.
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