Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões
A pandemia, as medidas insanitárias e os desafios por um processo civilizatório da melhor humanidade possível 173 entre natureza e cultura está presente em outras perspectivas, inclusive no campo da ciência, que enxerga o humano como fora da natureza. Como “puro”... puro corpo, cultura não é natureza. Nessa perspectiva, você só poderia compreender esse processo que vivemos por uma agressão da natureza que está um pouco fora do controle segundo um olhar de alguns cientistas, ou... é assim mesmo por que sempre foi assim? Esse é o olhar de um conservadorismo de mais extrema direita desse pensamento libertáriode direita...Eovírus seria essa agressãoda natureza, e diante disso o homem com seu processo cultural, ele vai lá e enfrenta esta situação, e de que maneira ele enfrenta? Bom ele enfrenta através de diferentes estratégias. A ciência, o campo da ciência, diante do não saber, maneja um conjunto de ferramentas para esse enfrentamento. O isolamento, uso da máscara, outros grupos dizem: a gente vai ter que enfrentar isso com a chamada imunidade de rebanho. Só que essas formulações, já vinham devendo, desde antes da Pandemia...Elas já vinham devendo, devendo uma própria compreensão de que o processo de produção da vida, ele nunca se dá fora da construção de uma experiência coletiva. A própria produção da vida é uma experiência coletiva. Não existe uma produção da vida que seja, num isolamento absoluto. Não existe a unidade do indivíduo. O indivíduo como ilha, ele não existe. Então esse tipo de construção, ele já vinha sendo pautado por vários caminhos, mas ele já vinha sendo pautado e questionando...Todos esses territórios, de um lado o território desde pensamento que nega o social, mas também de outro lado, um campo da ciência que nomina que o humano é algo muito especial, que é muito superior e especial, porque ele está fora da natureza, porque ele é algo muito próprio e singular. Na medida que você constitui isso, a própria concepção que emerge de história natural da doença é um conceito que emerge na chamada ciências da biomedicina, nos anos 50, você tem a formulação da história natural da doença, por dois pensadores, Leavell e Clark 7 e isso vai influenciar profundamente o modo de entender os processos de adoecimento, de intervenção social. Só que a gente já no Brasil nos anos 70, de uma maneira muito evidente, na luta da formação da saúde coletiva, já em 75, 74, 75, 76... a gente já tinha uma produção muito nítida que a história natural da doença não tinha cabimento, que na realidade a gente não poderia falar em história natural 7 Modelo explicativo multicausal da saúde coletiva surgido entre as décadas de 1950 e 1970 conhecido como História Natural da Doença. Para saber mais: LEAVELL, H.; CLARK, E. G. Medicina Preventiva . São Paulo: McGraw-Hill, 1976.
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