Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões
A pandemia, as medidas insanitárias e os desafios por um processo civilizatório da melhor humanidade possível 167 Nacional de Lanus, Argentina e com a Universidade de Barcelona através do Grupo Profa. Margarida Pla Consuegra. Tem tido relações de intercambio científico com a Universidade de Bolonha pelo Centro de Saúde Internacional. 3 Cadernos : Para iniciar, mais do que nunca, nestes tempos, a cada vez que se encontra alguém, perguntamos como é que está se sentido e como está enfrentando a situação do isolamento. Gostaríamos de saber de ti, como está sendo enfrentar esta Pandemia? Foi primeira vez que viveu algo assim? Como tem conseguido organizar a vida? Enfim, saber um pouquinho mais desse cotidiano que afeta a todos nós e como chegou para ti esse tempo. Merhy: Tudo bem. Eu colocaria que na minha formação profissional, que é uma formação profissional dos anos 60/70 – finalizo meu curso de Medicina em 1973 –, já em 1974 dentro da minha área de trabalho, eu vivencio já algumas situações que eram relevantes em termos da saúde coletiva... não tinha saúde coletiva na época... na saúde pública na época, que é a epidemia de meningite dentro do estado de São Paulo, em especial com grande destaque para a cidade de São Paulo. Vou vivenciar isso inclusive como médico cuidador no front de trabalho, dentro do próprio Hospital Emílio Ribas, e isso em uma situação muito crítica de regime militar, de ditadura militar, censura... então nós estávamos vivenciando a epidemia no cotidiano, no cuidado e ao mesmo tempo vivenciando a não informação, a não conversa, a não discussão ou a não divulgação do problema. O que agravava mais ainda a situação de crise em relação à situação sanitária da epidemia de meningite. Mas em termos de vivenciar uma experiência que exige praticamente um modo de ação que remete, por exemplo, a estratégias de isolamento ou de fugas de grandes centros onde a possibilidade de contaminação é muito ampliada... e que remete a gente até o século XIV por exemplo na peste na Europa, isso é a primeira vez. Acho que a primeira vez de toda uma geração, afinal de contas estamos a cem anos da grande pandemia que vivemos com a –, erradamente chamada gripe espanhola – e, as pessoas que viveram isso, não viveram o que temos agora. Até porque os mecanismos de intervenção na época também eram muito variados, mas o isolamento não foi tão constituído quanto atualmente, nem em nome da chamada ciência. Então a não temos uma experiência 3 Texto de apresentação informado por Emerson Merhy para a Platafoma Lattes – CNPq.
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz