Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões
156 Josias S. Fontoura sobre manter os serviços ocorrendo. Nesse espaço de encontro, a maior parte dos problemas apresentados foram consequências advindas das restrições que a pandemia apresentou. Depois de discutidos, diversas soluções que vieram da própria equipe passaram a ser empregadas. Um exemplo desse movimento instituinte em B foi a criação de um Grupo de Trabalho formado por um psicólogo, uma fisioterapeuta, uma arteterapeuta e uma administradora, com a finalidade de criar conteúdos para as redes sociais da instituição, o que acabou resultando em projetos que envolveram toda a equipe e geraram colaboração e mobilização de recursos. EmA, depois de um tempo, a orientação foi de voltar a trabalhar com carga horária reduzida e fazer contatos por ligação telefônica para acompanhar primeiramente a nível informativo a condição dos pacientes. Em B, desde o início passou-se a experimentar o atendimento por chamadas de vídeo e, em alguns casos, por ligação telefônica, sustentando a oferta de atendimento com frequência semanal e dando continuidade aos tratamentos e acompanhamentos já em curso. No momento inicial de crise, a equipe de uma das instituições se distanciou, e a da outra se fortaleceu e se reinventou em seu modo de operar. Essa condição de elaboração e reformulação do funcionamento, que primeiro passou pela instituição, se transmitiu também à especificidade do atendimento psicológico (e aos atendimentos de cada uma das outras áreas). Em A houve um fechamento e passou-se a adotar um passo a passo normativo de retorno a movimentos de trabalho, enquanto em B houve uma possibilidade de elaboração que se manteve pelo espaço de reunião e por um pedido de ajuda da gestão ao abrir as dificuldades advindas para discussão, gerou-se o efeito de convocar os profissionais a pensarem sua prática e a construir novos modos de se relacionarem entre si e com seu trabalho. Logo, também com os pacientes. Por fim, no consultório particular, a transposição de modalidade dos atendimentos ocorreu de forma um pouco menos dramática, já que pôde ser pensada caso a caso e a partir de maior autonomia do terapeuta no processo, como se poderá explorar melhor no próximo tópico. Essa descrição da lógica dos diferentes espaços é necessária para pensar suas diferenças e avaliar o quanto a estrutura sustentada por uma instituição funciona como diretriz para a estrutura que o terapeuta pode sustentar no trabalho com um paciente ao recontratar o modo de seguir um tratamento.
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