Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões
Oficinas de Contos de Fadas On-line: relato de experiência 105 adoções tardias, uma delas vive com sua mãe, padrasto e irmãos, e uma criança vive com sua mãe e o irmão mais velho. Três dessas crianças são negras e uma delas é branca. Optou-se por relatar o segundo encontro deste grupo, pois, de certa forma, já havia uma familiaridade entre as crianças. Além disso, o conto escolhido reverberou interessantes discussões entre os participantes. Considerando a história de vida de grande parte dos integrantes das Oficinas, crianças que sofreram rompimento dos vínculos familiares, o conto “O Patinho Feio” foi eleito com vistas a explorar as fantasias das crianças relacionadas à separação da família, abandono e rejeição, além de trabalhar a inserção da criança em um novo ambiente familiar e a aquisição de um “lugar” na nova família. O conto “O Patinho Feio” trata dos percalços que um patinho enfrenta para achar seu lugar no mundo, um drama repleto de angústia e sofrimento que, ao contrário de outros contos, enfatiza a rejeição e o abandono, dando à estória um toque dramático. O conto envolve conflitos maternos, as fantasias de um filho perfeito, as dificuldades de uma mãe aceitar seu filho e estabelecer um vínculo afetivo com ele. As fantasias de rejeição e abandono, como mencionados anteriormente, são peças fundamentais do enredo, pois mostram as dificuldades que o patinho encontra para achar seu lugar, visto que ao longo da estória ele se depara com ambientes hostis, que contemplam uma série de experiências que podem ser consideradas traumáticas, como: medo, insegurança, frio, fome, entre outros. (CORSO; CORSO, 2006). A temática desta estória vai ao encontro das particularidades de nosso público, por se tratar de crianças que passaram por situações de abandono, violências, e muitas vezes foram negligenciadas de afeto e cuidados básicos. A experiência de abandono pode ser considerada traumática, podendo se refletir numa fragilidade do sujeito e na dificuldade de estabelecer novos vínculos afetivos. De acordo com Rotondaro (2002), crianças que passaram por rompimentos de vínculos afetivos apresentam uma fragilidade psíquica significativa e sentimentos como medo e insegurança, bem como dificuldade de construir novos vínculos, devido ao temor de sofrer um novo abandono. Logo no início do encontro, apresentamos a proposta do dia e as crianças mostraram-se empolgadas e curiosas, compartilhando com o grupo suas expectativas sobre a estória. O silêncio e a atenção fa- ziam parte do momento de contação. Finalizada a escuta passamos a
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