Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões
Oficinas de Contos de Fadas On-line: relato de experiência 103 uma elaboração através da narrativa, o único antídoto para uma vida permeada de possibilidades de repetição do paralisante traumático (GUTFREIND, 2014). Assim, através dos contos, buscamos preencher ou ressignificar alguns dos vazios encontrados em cada uma das crianças. A infância necessita de cuidado, de atenção para que a construção dos vínculos possibilite o desenvolvimento das habilidades emocionais e cognitivas que acompanharão o sujeito ao longo de sua vida, estruturando desde as suas relações familiares até suas experiências na escola e no meio social. No entanto, há casos em que esses vínculos são rompidos, aquele que deveria cuidar abandona, rompe os laços e provoca uma lacuna que, muitas vezes, causa rupturas profundas e difíceis de serem reparadas. O SEP desenvolve um trabalho com crianças que tiveram seus laços rompidos e vivem ou viveram em contexto de acolhimento institucional. Tendo por base a teoria psicanalítica, a equipe desenvolve um trabalho voltado à psicoterapia, bem como o acolhimento e acompanhamento de famílias que passaram por processos de adoções tardias e indivíduos que vivem em situação de vulnerabilidade. Assim, pensando em como o afastamento dos atendimentos estariam impactando as vidas dessas pessoas, foi que a equipe do SEP elaborou a atividade das oficinas de contos de fadas, com o intuito de proporcionar um espaço que aproximasse as crianças e as estagiárias (embora num setting diferente do clínico) e possibilitasse a interação entre elas. Considerações metodológicas sobre a atividade A proposta de trabalho no formato de oficinas buscou oportunizar um espaço de atividade para as crianças, onde elas pudessem se colocar como participantes ativos e criativos, expressando- se da forma que desejassem, ao mesmo tempo em que exercitando a sua capacidade de escuta e de identificação com as outras crianças do grupo. A modalidade do trabalho grupal buscou oferecer momentos de troca e de interação entre as crianças, e entre elas e a equipe, num momento em que atravessam um distanciamento significativo dos seus pares, colegas de escola, professores, parentes, etc. Cada grupo foi constituído por quatro crianças entre 5 e 9 anos, conduzido por duas estagiárias, ocorrendo numa frequência quinzenal,
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