Retratos da pandemia: conexões - desconexões & reconexões
Oficinas de Contos de Fadas On-line: relato de experiência 101 Com base nas diretrizes que foram sendo definidas, a partir de um esforço conjunto do Sistema Conselhos, da Associação Brasileira para o Ensino da Psicologia, ABEP, das diretrizes do Ministério da Educação e da própria universidade, as atividades do SEP foram repensadas, de forma a assegurar a continuidade e qualidade da formação das nossas estagiárias e dos serviços oferecidos aos nossos usuários. Nesse contexto, a busca por uma atividade que possibilitasse o acompanhamento de crianças, tendo como espaço de encontro a internet em tempos de pandemia, colocou a equipe do SEP a pensar e repensar sobre as práticas utilizadas cotidianamente com as crianças no espaço terapêutico. Como isso poderia se dar de forma que as estagiárias não perdessem contato com os pequenos sujeitos, mesmo que a ideia de dar continuidade ao tratamento previamente colocado, neste momento, não fosse possível? A partir dessa questão, foram estudadas práticas que poderiam ser feitas em grupos, configuradas então como Oficinas, delineando-se um dispositivo já muito utilizado pela psicanálise quando em parceria com a infância: literatura e desenhos. Foram criadas, então, pela equipe, as Oficinas de Contos de Fadas On-line do SEP, nas quais as crianças poderiam se encontrar quinzenalmente com suas terapeutas, ouvir histórias, conversar sobre elas e desenhar em conjunto, obtendo-se um espaço de escuta, acolhimento e, não menos importante, socialização em tempos tão solitários. Neste artigo abordamos a importância desse espaço com base em referenciais teóricos que sustentam a utilização de oficinas criativas para crianças. Torna-se essencial, portanto, fazer um retorno a questões de saúde mental de crianças que passam por sofrimento psíquico, à clínica psicanalítica com crianças através do brincar e, mais profunda, à função terapêutica dos contos de fadas nesse processo. A partir de um relato de experiência sobre encontros das Oficinas, será possível refletir sobre a utilização dos espaços on-line para tais processos e as teceduras de discursos colocados nos encontros, que perpassam as questões da realidade das crianças como raça, gênero, família e os desejos possíveis nesse mundo de imaginação. A infância é uma fase da vida em que são estruturadas as construções do sujeito, seus afetos, suas identificações, sua compreensão de cuidado, que são estabelecidas de forma a evidenciar as experiências a que está exposta a criança nesse período. Apesar da ideia de infância ter evoluído ao longo do tempo ainda temos um
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