Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!
Guilherme Luís Franzon e Leonardo Krolikowski Ferreira 99 tações internas. Algumas concepções como as de Bion sobre a dialética das comunicações pré verbais e inconscientes das identificações projetivas cruza- das, assim como as fantasias do campo analítico, postuladas pelo casal Willy e Madeleine Baranger são exemplos de encarar a forma de que tanto o analista (terapeuta) quanto o paciente se influenciam mutuamente, mesmo sem ter ciência disso. (FAVALLI, 2016). Nesta lógica, seria estranho pensar no esta- giário como agente de observação e intervenção neutras aos acontecimentos múltiplos e latentes na sessão. Esta perspectiva também nos faz pensar que o paciente qual enunciamos na condição de quem o atende é o sujeito que se apresenta naquele encontro, já que a vida psíquica do terapeuta, o campo inter- subjetivo e o paciente estão em constante e mútua influência. Apresentamos então, sempre a representação mental que temos destes sujeitos, apreendida a partir da interação singular que se cria nos encontros. Por estes motivos, revela-se a importância de nos implicar em trazer, narrar e prestar atenção em como sentimos e nos afetamos na hora em que atendemos nossos pacientes. Sendo a escrita da sessão dialogada uma escrita muito afeita aos fatos, respeitando a ordem dos acontecimentos e das fa- las, pensamos na relevância ao trazer também os nossos registros subjetivos, afetivos, não enunciados para as supervisões de forma que pudessem assu- mir maior espaço nas discussões. Não que não falássemos muito ao longo das discussões sobre nossas impressões, mas pareceu-nos que tais elementos pouco eram convocados e até carregados de receio de nossa parte, estagiá- rios. Notamos a utilidade de pontuar melhor a presença dos processos de transferência e contratransferência na supervisão, assim como o que se pro- duz entre paciente e terapeuta afins de ampliar nossa visão sobre os rumos dos atendimentos. Concluindo… Fomos entendendo como alguns vislumbres sobre a supervisão qual ingressamos continham fortes ânsias e incertezas sobre os jeitos de trabalhar no serviço, mais especificamente em nossa prática clínica. Notamos nossa expectativa e espera de um estilo vertical e homogêneo de ler as sessões, ar- ticular teoria e corresponder a um modelo ordenado das intervenções e de nossa postura. Fomos gradativamente percebendo que a supervisão da forma que era organizada, servia muito mais para um terreno seguro de exploração sobre as questões da clínica e de nossas experiências. O campo da supervisão mostrou-se menos verticalizado do que imaginávamos e mais acolhedor para que arriscássemos assumir outros jeitos de agir e de inferir, mais de acordo com nossos tempos e alinhado a nossos próprios estilos pessoais. Reiteramos a sugestão de Sei e Paiva (2011) de que dentre as tarefas do (a) supervisor(a)
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