Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!

98 Supervisão das práticas clínicas: inferências e aberturas ou de como tornar-se psicoterapeuta espaço ou matriz disciplinar que não está definido por um novo discurso mi- litante, mas por um amplo projeto de investigação, aberto às novas gerações” (URRIBARRI, 2012, p. 155, grifo do autor). De maneira análoga, Figueiredo (2018) nos fala de uma psicanálise pós escolar , desgarrada da necessidade de filia- ção rígida aos grandes movimentos concorrentes da história da matéria freu- diana. Por este caminho, entendemos quanto o campo da supervisão pôde e pode servir de terreno para nosso avanço e desenvolvimento por ser o espa- ço onde construímos nosso saber-fazer de forma ampla, valorizando nossas contribuições e questionamentos com o livre trânsito por autores, enfoques e preferências. De certa forma, o que nós pensamos foi o mais adequado e cabível de se pensar, se relaciona com as situações singulares e as emergências que pedem aberturas mais complexas. Pensamos que é possível o fluxo entre os movimentos e corpos teóricos quando nos implicamos em fundamentar nossa prática de acordo com cada situação na sua singularidade. III Em nosso momento de ingresso e habituação ao estágio e à turma de supervisão que ocupamos, também nos defrontamos com algumas situaç ões inéditas, dentre as quais, elaborar as dialogadas das sessões. Dispositivo este que pretende documentar e descrever no mais próximo possível como ocor- reu a sessão anterior. Trata-se de uma espécie de roteiro escrito posterior- mente a sessão em que iremos discutir em supervisão, trabalhando a partir da memória do estagiário. O gênero textual próximo a um roteiro – com a diferença de que documentava algo ocorrido – e descritivo possibilita ao grupo de supervisão se debruçar sobre a sessão, escutar e representá-la men- talmente para poder sugerir, identificar, pensar com o estagiário que atende, questões difusas ou até propor algum deslocamento do ponto de observação das coisas. A escuta posterior da sessão possibilita um segundo olhar que se lança sobre ela. Um tanto menos imerso afetivamente, o estagiário consegue compreender sua prática de outra perspectiva. Notamos também, como nesta posterioridade ao momento do atendimento, o estagiário que elabora a sua dialogada também integra e refina seu saber, sua escuta e seu olhar sobre o percurso que tem feito com determinado paciente. Pensamos que se a dialogada tomava o estilo literal, descritivo das pe- ças teatrais narradas em terceira pessoa, qual seria o lugar do eu lírico nas supervisões? Ou seja, em que momento poderíamos nós como estagiários trazer e narrar as sessões de acordo com nossas impressões pessoais, subjeti- vadas e coloridas pelo encontro? (SANDLER, 1989). Atualmente, seria arriscado pensar no encontro terapêutico como encontro de duas mentes, dois sujeitos isolados cada um em suas represen-

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz