Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!

Guilherme Luís Franzon e Leonardo Krolikowski Ferreira 97 tamente dá o tom das conversas que se desenrolam. Nesta preocupação de auxiliar o paciente respeitando sua singularidade, seu momento de vida e o contexto concreto em que se encontra que aparecem muitas questões sobre nosso manejo junto a eles. É importante apontar também, já que estamos falando de lugar da verdade, em como nos defrontamos, ao pensar nossos atendimentos conjun- tamente, com formas diversas de compreender o funcionamento e as produ- ções dos pacientes, do setting , do campo terapêutico (ou analítico) e de nós mesmos. Por muitas vezes ouvimos sugestões acerca destes fenômenos men- cionados, visando a ampliação de nossa compreensão. O que nos apresenta neste momento é a dúvida de quais critérios se guiar para mais ou menos acatar do ponto de vista compreensivo ou prático determinada sugestão? Para clarear a nossa questão, o saber psicanalítico nos oferece sua hermenêutica como método de exploração dos fenômenos que se pretende compreender. Assim sendo, muitas leituras são possíveis e rigorosamente corretas do ponto de vista teórico sobre determinado objeto. Porém, é claro que mesmo que muitas coisas que intuímos, dizemos e nomeamos sobre nossos atendimentos e nossos pacien- tes, por mais que façam sentido , não necessariamente estaria próximo a uma construção de verdade . Aliás, Lacan (apud LEITE, 2000) diria que a verdade a qual a psicaná- lise se propõe a investigar é uma verdade sempre por aproximação , por acertos, tentativas. Diria ele que dentro de uma situação analítica, uma intervenção mais próxima de um lugar de verdade só a seria sob o efeito que causaria ao paciente e ao percurso nos atendimentos, concepção que suspende um tanto uma visão unívoca do que acontece na sessão e abre espaço para que se pense mais sobre uma construção, uma co criação de uma narrativa. Perez Neto (2014) ao ler Bion fala de um processo que no encontro cria uma narrativa construída a quatro mãos . Para complicar (ou descomplicar) a nossa busca pela verdade ou uma leitura certeira sobre a história do paciente e do encontro terapêutico, esta- ríamos em um momento da história da psicologia e da psicanálise em que muito já se construiu em teoria e recomendação técnica. Pensamos o quanto o turbilhão de hipóteses e de abordagens construídas em literatura durante este tempo, desde Freud, nos saturam, confundem e até nos paralisa nos momentos onde procuramos entender e guiar nossa prática junto aos pares na supervisão. Prezamos antes por qual aspecto na sessão? Qual o melhor momento de intervir? Que postura assumir? Etc. Por outro lado, a psicanálise contemporânea sugere que se possa pensar mais abertamente grandes para- digmas clássicos e contrapostos. O vocabulário freudiano, como percebemos em Urribarri (2012) “[...] se estabelece como língua franca e common ground desse

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