Saúde e cuidado no serviço escola: adolescência presente!
96 Supervisão das práticas clínicas: inferências e aberturas ou de como tornar-se psicoterapeuta pios e estilos. Sei e Paiva (2011, p. 15) consideram que “[...] um dos desafios que o supervisor tem em suas mãos é ajudar os estagiários a desenvolver, em seus percursos profissionais, um pensamento autônomo, independente e orientado pelo verdadeiro self ”. Sei e Paiva (2011) fazem uma analogia com o conceito winnicottiano de mãe suficientemente boa com a relação que se deve estabelecer entre os estagiários, o(a) supervisor(a) e o espaço de supervisão. Caberia ao supervisor(a) não somente supervisionar as práticas clínicas dos estagiários, mas também, prestar atenção em como o grupo de estudantes vivenciam este espaço, podendo ajudá-los a pensar também sobre suas ansie- dades relacionadas ao estágio. Na medida em que fomos nos sentindo mais seguros em nossas apos- tas como estagiários/terapeutas, também fomos sentindo a supervisão como espaço potencial de desenvolvimento e experimentação como psicólogos clí- nicos, que tem como pano de fundo ético e teórico o paradigma psicanalítico de sujeito. O incentivo à criatividade e originalidade ali presente destoaram de nossa impressão de aquisição linear e rígida de um saber-fazer . Nos desenvol- vemos como psicoterapeutas, aqueles que, como aponta Fédida (2002) lidam diretamente com o paciente através de seus próprios meios psíquicos. II Falamos do problema do lugar de verdade no tratamento que propo- mos fazer junto a nossos pacientes. Já comentamos sobre a exigência que nos colocamos ao realizar atendimentos sob a ilusão de existir uma intervenção correta para cada momento e a preocupação de nomear precisamente cada ele- mento da sessão. Pois, enquanto estudantes de psicologia em período de está- gio, estamos inundados no discurso científico da ciência psicológica, que atra- vés dos enunciados científicos propõem um regime a ser seguido com efeitos de verdade (FOUCAULT, 2003), nos damos conta que estamos pensando em termos de certo e errado. A problemática da verdade é ampla e não vamos nos atermos a ela, porém ressaltamos como fundamental em nossa análise. Nas supervisões conjuntas, o que encontrávamos era a experiência bastante contundente de compartilhar nossas percepções e ouvir sugestões, opiniões, intuições não só de nossa supervisora mas de nossos colegas esta- giários que vivenciavam o mesmo momento de começo destas práticas. Os espaços das supervisões da prática clínica serve para que, através de nossos relatos, nós possamos ser interrogados e questionados sobre os pontos di- versos e/ou difusos do que aconteceu nas sessões, visando complementar nossas compreensões e criar como refere Figueiredo (2000) um olhar de reserva da parte dos terapeutas. No início do percurso nós esperamos amparo no caminho da prática pautada na ética profissional, que implícita ou explici-
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